Dificilmente haverá melhor cenário para pensar o poder da palavra, aliada à música, do que o jardim da Gulbenkian, esse esconderijo nada secreto que Lisboa guarda, perfeito para passear o corpo e a alma. Ao longo de três fins de semana, a Fundação Calouste Gulbenkian volta a apresentar uma programação intensa e transversal de concertos, poesia, óperas e filmes, com artistas e público a refletir sobre Palavra e Música. Da Ópera ao Hip Hop, sempre com a natureza por perto. “Quis-se alargar o âmbito destas duas áreas, explorar as suas diferentes facetas, chegar a conceitos e públicos diferentes”, avança Maria Helena Melim Borges, subdiretora do Programa Gulbenkian de Língua e Cultura Portuguesas. São exemplo disso os espetáculos de abertura (sex, 6, €10) e de encerramento (dom, 22, €5), ambos às 21h, no Anfiteatro ao Ar Livre. Se no primeiro vamos ouvir duas obras de Mário Laginha, Concerto para Piano e Orquestra e Concerto para Clarinete, interpretadas pela Orquestra Gulbenkian e pelo próprio ao piano; o segundo juntará em palco Ana Deus, Capicua, Carlão e Mafalda Veiga, uma formação inesperada que dará novas cores a temas emblemáticos dos seus elementos.
A viagem faz-se então por novos territórios, mas também pelos clássicos, entre paragens pelo hip-hop, a clássica e o jazz, os tangos e os boleros, tanto em concertos como em conversas e leituras. O diálogo com as exposições e as atividades a decorrer na Gulbenkian está presente aqui e ali, como destaca Maria Helena Melim Borges, como em A Poesia Também se Fala (dom, 15, grátis), orientado por Teresa Lima, que apresentará o resultado do workshop com o mesmo nome, na cafetaria do Centro Interpretativo, ou no momento em que a bateria de Gabriel Ferrandini, o piano de Rodrigo Pinheiro e o saxofone de Pedro Sousa (sáb, 21, grátis) farão das suas, inspirados pela mostra Pós-Pop. Fora do Lugar Comum (até 10 de setembro). Vale ainda a pena tomar nota da sessão Poesia e Música Eletrónica Experimental (dom, 22), desafio a jovens músicos para dialogar sobre o tema e apresentar as conclusões em forma de espetáculo.
Maria Helena Melim Borges realça também a importância dos projetos de inclusão social, como os concertos da Orquestra Infantil Geração (sáb, 7, grátis) e a Ópera na Prisão (qui, 12, €5). “Queremos que as pessoas passem a tarde na Gulbenkian a ver o que não costumam ver, a descobrir”, remata a subdiretora. É para isso mesmo que se fez o verão.
Jardim de Verão > Fundação Calouste Gulbenkian > Av. de Berna, 45, Lisboa > T. 21 782 3000 > 6-22 jul