Regressamos, nas páginas da VISÃO Sete, à Hambúrgueria Gourmet Café do Rio, na Rua da Alfândega, em Lisboa, para espreitar o que aconteceu à parede branca que, há umas semanas, aguardava pela obra do artista.
Agora, mal se entra, o resultado já salta à vista: um grande mural povoado por personagens divertidas e criaturas várias, desenhadas a preto pela mão de Miguel Brum, nascido em 1983 e formado em design gráfico pelo IADE. Mais uma novidade: novas figuras de Miguel Brum vão estar, também, na nova Hambúrgueria Gourmet Café do Rio, no Casino Lisboa.
Não muito longe, o passeio artístico continua com o pintor Júlio Pomar e com um painel de azulejos intitulado Contos Murais, produzido pela Galeria Ratton e recentemente alojado no interior do Museu da Cerveja, no Terreiro do Paço. Foi pintado, esclarece Júlio Pomar, “como um motivo de entretenimento, número de saltimbancos, espetáculo de rua”.
Noutra zona da cidade, prosseguimos até à histórica Pastelaria Mexicana, fundada em 1946 por José Vicente, Adelino Antunes, Augusto Godinho e Manuel Penteado, na Avenida Guerra Junqueiro. É na parede frontal da última sala, forrada de azulejos, que pode ver-se a obra da autoria de Querumbim Lapa. Chama-se Sol Mexicano, está datada de 1962 e divide o seu protagonismo com uma grande gaiola envidraçada, cheia de periquitos. Estranha combinação que, em nada, parece incomodar os leitores de jornais nem as conversas matinais das senhoras que frequentam este salão de chá.
Descendo até à Almirante Reis, o Café Império é o próximo destino. Aqui, apreciam-se três esculturas de Martins Correia (morreu, aos 89 anos, em 1999), duas figuras masculinas e uma feminina, assentes num revestimento cerâmico que, por sua vez, é da autoria de Jorge Barradas (1894-1971). Também se apreciam, claro, os célebres bifes da casa. Ainda no piso inferior do Império, desvie o olhar para o seu lado direito para apesar das más condições ver a pintura mural de Luís Dourdil (1914-1989). Para mais informações, procure as legendas no final da escadaria e, se tiver um telemóvel com acesso à internet, siga as instruções.
A visita à arte do comer segue até ao antigo Cinema Alvalade, projetado pelo arquiteto Lima Franco e inaugurado em 1953. Para ver, há o mural sete metros de comprimento por cinco de altura de Estrela Faria. O cinema encerrou em 1985, tendo voltado a abrir ao público em 2009, com quatro salas de cinema, a nova denominação de Cinema City Alvalade e uma programação mais virada para os filmes independentes e de autor. A par das obras de melhoramento, procedeu-se também ao restauro da pintura de Estrela Faria, que, por causa da alcatifa, se encontrava muito danificada.
Um desvio até à zona do Chiado. A paragem é nos restaurantes de José Avillez, Belcanto e Cantinho do Avillez. Nestes, é possível conhecer duas instalações da designer Joana Astolfi. Na primeira, livros antigos e uma frase de Fernando Pessoa: “Para ser grande sê inteiro.” Na segunda, na peça A Conversa ainda não chegou à cozinha, Joana Astolfi utiliza peças de cozinha das décadas de 50 e 60.
A viagem acaba na cervejaria Solmar, na Rua das Portas de Santo Antão. Inaugurada em 1956 pelos irmãos António e Manuel Paramés, tem arquitetura de Babilágua e apresenta-se como “a maior e melhor marisqueira de Portugal”. Mas, neste texto, o que interessa é o painel de azulejos de grandes dimensões da autoria de Jorge Pinto: figuras marinhas. As quais, diga-se a terminar para não parecer mal, também vão muito bem no prato.