Virado para o roseiral, entre o jardim dos peixes e o jardim dos jotas, que mais parecem decalcados de um universo de fantasia. É aí, no meio de um cenário que o leitor já poderá ter encontrado nas páginas de um livro de Sophia de Mello Breyner Andresen ou de Ruben A., que desde o início de fevereiro abriu portas o Góshò no Botânico.
A especificação do lugar no nome do novo espaço tem uma razão de ser. Já há um Góshò na cidade. Do que aqui se fala é do irmão mais novo do restaurante japonês instalado na cave do Porto Palácio Hotel, na Avenida da Boavista. Os dois espaços partilham nome próprio (por curiosidade, diga-se que Góshò significa Palácio Imperial), mas divergem no conceito.
Daniela Coutinho, uma das fundadoras do Góshò, com uma paixão pela cultura nipónica que salta à vista, diz que dificilmente poderia pensar num espaço mais adequado para criar “a vertente casa de chá, muito ao modo de Kyoto, com a proximidade do jardim” que vem completar “o conceito urbano e cosmopolita” do restaurante. A sugestão, para explorarem o espaço na parte de trás da renovada Casa Andresen, onde até julho se pode ver uma grande exposição sobre Darwin, foi da Universidade do Porto, proprietária da casa e do jardim.
O “sim” da resposta foi fácil, já se percebeu. Neste Góshò também há sushi, aliás tem um sushi man em permanência e, para os almoços, há outras propostas, como gyosas, uma espécie de raviolis japoneses, ou sanduíches de inspiração nipónica (a pocket yakisoba, com massa japonesa salteada em pão pita com pickle de gengibre vermelho e algas secas é uma delas). Mas o chá e a pastelaria, com ingredientes japoneses, também são apostas fortes.
Em cima do balcão, um expositor tenta-nos com um creme de gengibre com brownie de chá verde; bolos de feijão japonês, o azuki; polenta de abóbora japonesa e um bolo de especiarias que leva canela, cravo, gengibre e é servido com gelado de citrinos e verduras. Chás, para acompanhar, não faltam: matcha, sencha com lima, chá grelhado bancha houjicha, genmaicha, gorreana… E haveria ainda o capítulo dos gelados (alguns bem originais, como o de vinagre balsâmico e framboesa), dos sumos naturais, do café e do chocolate quente.
Por enquanto, no exterior, há apenas umas bonitas cadeiras em ferro. As mesas chegarão dentro de dias, para permitir saborear as diferentes sugestões da carta também ao ar livre. No interior, deverão surgir excertos de poemas ou prosa de Sophia e Ruben A. Afinal é bom não esquecer a memória do espaço que pertenceu aos avós dos dois escritores e da pintora Teodora Andresen e que tantas vezes lhes serviu de inspiração.
GÓSHÒ NO BOTÂNICO
Casa Andresen, Jardim Botânico do Porto
R. do Campo Alegre, 1191, Porto
T. 22 608 6708
Ter-Sex 10h-18h, Sáb-Dom 10h-19h