Viagem no tempo

A fachada do edifício, imponente, levantava suspeitas. Sobe-se a escadaria e a dúvida permanece: “Isto é uma fábrica?” Na casa do pão-de-ló de Margaride tudo nos remete para um museu, da decoração – riquíssima, com a porcelana chinesa e o mobiliário trabalhado – à confeção à moda antiga. Não admira que sejam habituais as visitas guiadas. Mal se transpõem as portas, retrocede-se até 1900, data desta localização, no centro de Felgueiras, embora a fundação da produção remonte a 1730. “O nome pão-de-ló de Margaride vulgarizou-se”, diz Guilherme Lickfold, o herdeiro deste negócio familiar, referindo-se às imitações que proliferam pelas redondezas. No entanto, só eles exibem, no logótipo da empresa, o “certificado de qualidade” atribuído pela Casa Real Portuguesa, de quem são fornecedores desde 1888. Esta produção não tem nada de vulgar. São impressionantes os detalhes mantidos ao longo do tempo. As masseiras antigas de madeira mexem e remexem a massa (agora mecanicamente), que, depois, é colocada e tapada por formas de barro. Os enormes fornos, cobertos a azulejos vermelhos, são aquecidos com um maçarico, alimentado a gasóleo, até chegarem aos 280 graus. A partir dali e durante os 45 minutos da cozedura, a temperatura é mantida a lenha. “O processo produtivo, em si, também contribui para dar outro paladar.” Outra das especialidades é o bolo de gema, feito da mesma massa do pão-de-ló. Um conjunto de mulheres, vestidas de branco da cabeça aos pés, senta-se ao redor de uma tina de cobre ao lume, onde está o açúcar em ponto. No avental branco, guardam os bolos, à espera da cobertura doce que é espalhada com a ponta dos dedos. Um trabalho minucioso, imprescindível para se manter o padrão de qualidade de sempre.
Pão-de-ló de Margaride Pç. da República, 304, Felgueiras T. 255 312 121
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Paciências e gentileza

Confeitaria Bezerra Pç. D. Maria II, 1024 Vila Nova de Famalicão T. 252 323 210
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Os jesuítas genuínos

Confeitaria Moura R. Sousa Trepa, 56/58, Santo Tirso T. 252 852 852
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Segredo bem guardado

Casa do Pão de Ló Lugar de Burgo, Arouca T. 256 944 246
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Mais 14 pastelarias com história
Casa dos Bolinhos de Amor As receitas foram transmitidas de geração em geração, desde há 400 anos. Lugar de Casais Novos, Recezinhos (São Martinho), Penafiel T. 255 720 761
Casa Costinhas Os segredos das tortas de Guimarães e do toucinho-do-céu continuam a salvo nesta casa. R. de Santa Maria, 68, Guimarães T. 253 516 248
Casa das Queijadas A casa está aberta há 110 anos e os segredos das queijadas e do toucinho do céu já foram transmitidos à terceira geração da mesma família. Pç. 5 de Outubro, 3, Murça T. 259 511 386
Casa S. Luís Esta é a casa mais antiga do famoso pão-de-ló, húmido, de Ovar. R. Dr. José Falcão, 48, Ovar T. 256 572 656
Confeitaria Arcádia A fama dos chocolates, feitos por método artesanal e com ingredientes naturais, tem mais de 75 anos. R. do Almada, 62, Porto T. 22 200 1518.
Confeitaria da Ponte Desde 1930, a casa esmerou-se nas especialidades amarantinas, entre as quais os papos de anjo, bolos de S. Gonçalo, foguetes, brisas do Tâmega e as lérias. R. 31 de Janeiro, 1-5 Amarante T. 255 432 034
Confeitaria de Maria da Apresentação da Cruz Os segredos dos ovos-moles de Aveiro estão bem guardados, desde 1882, nesta casa. R. D. Jorge de Lencastre, 37 Aveiro T. 234 422 323
Confeitaria Natário A casa é famosa pelas bolas de Berlim, mas também pelas mariazinhas, cavacas, meias luas, manjericos ou torta de Viana. R. Manuel Espregueira, Viana do Castelo T. 258 822 376
Doçaria Central Nesta doçaria, fundada em 1830, destaque para os charutos e os rebuçados dos arcos. General Norton de Matos, 47, Arcos de Valdevez T. 258 515 215.
Fábrica de Biscoitos Paupério As bolachas e biscoitos da Paupério, totalmente artesanais, continuam a manter a mesma tradição desde 1874. R. de Sousa Paupério, 61, Valongo T. 22 4227500
Leitaria da Quinta do Paço O segredo da receita dos seus éclairs percorreu três gerações da mesma família. Pç. Guilherme Gomes Fernandes, 47/51 T. 22 200 4303
Padaria Ribeiro Uma das herdeiras da tradição biscoteira de Valongo, cujo primeiro registo remonta a 1926. Pç. Guilherme Gomes Fernandes, Porto T. 22 977 4010
Pastelaria Clarinha A receita original das clarinhas de Fão foi registada por esta casa, em 1947. Fão, Esposende T. 253 982 147
Pastelaria Gomes Fundada em 1925, é famosa pelos covilhetes, pastéis folhados recheados de carne. R. António de Azevedo, 2, Vila Real T. 259 309711