Durante nove dias, na cidade piscatória (e arredores) só se ouvirá falar do Curtas. É por este diminutivo que ficou conhecido o Festival Internacional de Cinema de Vila do Conde que comemora 18 anos de vida. Apesar da curiosidade da data, não foi preciso chegar a este número para se falar da maturidade do festival. Nuno Rodrigues, um dos quatro diretores do Curtas, afiança que “há anos que foi atingida essa credibilidade, fruto do desenvolvimento de um trabalho”. Prova disso são os inúmeros realizadores que têm passado pelo festival – inicialmente (quase) desconhecidos e que acabaram por ser depois premiados internacionalmente como em Cannes – e os cerca de 22 mil espetadores conseguidos no ano passado, quando o Curtas estreou o renovado Teatro Municipal, onde vai permancer. “A curta é uma linguagem e um primeiro passo para muitas outras coisas que não só uma longa”, salienta Nuno para reforçar a importância deste género cinematográfico. Durante nove dias, até 11 de Julho, serão exibidos cerca de 200 títulos entre internacionais e nacionais, uma grande fatia são estreias. Uma delas acontece no último dia, 10. Logo depois da entrega de prémios desta 18.ª edição será exibido o filme Esse Olhar que era só teu, do realizador Bruno de Almeida em homenagem a Amália Rodrigues. O co-director e fundador do Cineclube de Vila do Conde, que esteve na génese do Curtas, acredita que este “pode vir a ser um dos momentos altos”. “Não é a aproximação ao universo de Amália, é uma abordagem distinta, muito própria.”
Mas há muitos outros destaques. Como a presença do cineasta experimental Ken Jacobs (venceu o 16.º Curtas) e dos realizadores franceses Arnaud e Jean-Marie Larrieu. Ou ainda o programa que revisita algumas das primeiras obras de incursão no 3D. “O festival propõe uma viagem a algumas das experiências feitas com este formato, nas décadas de 60/70. A criação da ilusão do 3D remete para a ilusão da fotografia”, conta Nuno Rodrigues. O Curtinhas, dedicado ao público infantil e famílias, é outra aposta depois de uma primeira experiência iniciada na edição do ano passado. O Curtas tem um orçamento superior a 398 mil euros e conta com o apoio do Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA) do Ministério da Cultura, e da Câmara Municipal de Vila do Conde, entre outros. O Teatro Municipal continua a ser o palco de grande parte das mostras cinematográficas, a par da galeria Solar – Arte Cinemática. À noite, o clubbing do festival estende-se a alguns espaços de Vila do Conde. O objetivo na edição deste ano é “consolidar e, se possível, aumentar o público em relação ao ano passado”.
Aconselhamos a consulta do site do festival www.curtas.pt para melhor selecionar o que se adequa a si e à família.
Secções competitivas
A maior secção, a internacional, apresentará 40 filmes (oriundos de 28 países) produzidos desde janeiro do ano passado, desde a ficção, documentário e animação. Na Competição Nacional concorrem 18 estreias, o maior número de sempre. A Competição Experimental concentra em três sessões (8-10 Jul) 28 obras.
‘Analog 3 D’
É um dos destaques desta edição, numa altura em que o 3D está na ordem do dia. O programa inclui alguns dos primeiros filmes tridimensionais como o Chamada para a Morte , de Alfred Hitchcock (8 Jul, 23h45), House of Wax (9 Jul, 23h45), e o filme de ficção científica The Bubble (Aka Fantastic Invasion of Planet Earth, Aka the Zoo) (6 Jul, 23h45).
Remixed
Cruzamento criativo entre a música e as imagens em movimento numa secção criada há quatro anos e já considerada a proposta mais arrojada do festival. Reivenção dos videoclips de Rita Redshoes , filmes-concerto dos Orelha Negra (8 Jul, 00h30) e François Sahram com Drumming (9 Jul, 00h30) são alguns dos destaques. O maior, contudo, arrisca-se a ser a estreia absoluta de Esse Olhar que era só Teu , um remix em redor de Amália pelos olhos do realizador Bruno de Almeida e dos Dead Combo (10 Jul, 00h30).
‘In Focus’
Jacobs e os irmãos Larrieu são os destaques desta secção. Ken Jacobs (um dos pioneiros do cinema de vanguarda norte-americano) terá uma exposição retrospetiva, na Solar, intitulada Action Cinema, patente do dia 3 até 12 de Setembro, além de sessões de cinema, uma master class e ainda uma performance. Larrieu in Focus apresenta uma série de filmes no panorama do cinema francês desta última década, caso de Les Derniers jours du monde (4 Jul, 17h) ou Les Fenêtres sont ouvertes (5 Jul, 15h). Na sessão oficial de abertura (3 Jul, 21h30) será exibido Un Homme, un Vrai.
Da Curta à longa
Série de filmes curtos e longos, de vários realizadores, alguns em estreia nacional e que estiveram ligados ao festival. Há lugar para filmes com mais de 60 minutos, como Eastern Drift de Sharunas Bartas (5 Jul, 17h) ou o documentário Stones in Exile (5 Jul, 00h30), sobre a gravação do álbum dos Rolling Stones Exile on Main Street (1972), re-editado este ano.
‘Take One!’
Secção existente desde 2004, dedicada aos autores mais jovens, com a produção de filmes até 30 minutos, feitos em ambiente de escola.
Curtinhas
A sessão dedicada aos mais novos abre dia 3, às 17 horas com um filme-concerto a cargo dos alunos da Academia de Música S. Pio X, de Vila do Conde: uma banda sonora original para os filmes de Buster Keaton, Uma Semana e A Casa Elétrica. Entre 5 e 9 Jul (10h) são exibidas sessões de cinema para escolas e instituições. No Teatro Municipal, diariamente (14h30-24h), o espaço Brincar ao Cinema inclui várias atividades (visionamento de filmes, construção de brinquedos óticos, realização de filmes de animação através de desenhos, plasticina e pintura. Há vários ateliês caso de Pequenas Histórias de Elevador (11 Jul,10h30-12h30): filmagem de pequenas histórias que se desenrolam dentro de um elevador. Ou de Quando as Ervilhas Saltam do Prato (15h-17h), um ateliê de animação em stop-motion, em que serão moldadas formas e personagens em plasticina que poderão andar entre colheres e garfos.
Bilhetes
– Free Pass (acesso livre a todas as sessões, filmes-concerto, festas, mercado da curta-metragem e oferta de catálogo) €35 (até 2 Jul), €45
– Free-Pass Curtinhas: €15
– Sessão de cinema (€3,50)
– Filmes Concerto (€10)
Há autocarros (Style Bus) que o levam do Porto a Vila do Conde (às 16h e 20h30) e vice-versa (19h30 e 02h30)
18º Festival Internacional de Cinema de Vila do Conde
3-11 Jul. www.curtas.pt