Assisti à festa do final da vindima de 2007 de José Maria Soares Franco, a primeira que ele ensaiou para o seu novo projecto Duorum em parceria com João Portugal Ramos. Conheci-o nos anos 80 do século passado numa prova organizada pelo ICEP no Palácio do Bussaco, onde ele representou a Casa Ferreira (Sogrape), e desde aí mantivemos relações de carácter profissional que mais tarde se transformaram também em amizade. Segui de perto o seu percurso enológico (criação do Esteva, por exemplo), reconhecendo-lhe qualidades pessoais e profissionais ao longo dos anos. Sei que hoje está em desuso a honradez, o respeito pela palavra dada, o cumprimento das regras éticas na actividade profissional, mas José Maria Soares Franco era e continua a ser um dos homens do vinho que assume estes princípios como portfólio do seu carácter. Se tivermos em conta que o vinho é um produto alimentar, o leitor entenderá a importância destes atributos de honradez e ética agora tão menosprezados em nome do dinheiro ou de nada. Quando chegou ao mercado o primeiro Duorum 2007 considerei-o muito bom.
Duorum Douro Colheita 2007**** Vinho tinto encorpado, de cor granat, aromas vinosos, de muito boa qualidade. Era além disso um tinto com uma excelente relação qualidade/preço.
Surgiram em 2009 o Duorum Porto Vintage 2007 e o Duorum Douro Reserva Vinhas Velhas 2007***** Este tinto vem confirmar, escrevi então, a qualidade superior deste projecto empresarial para o Douro. Trata-se de um vinho com grande potencial de envelhecimento em garrafa, que vai aproximar-se da perfeição com o decorrer dos anos. Surge agora em 2010 o novo tinto Duorum Douro 2008, onde José Maria Soares Franco assina no contra-rótulo esta nota: “Duorum, em latim ‘de dois’, simboliza a vontade de unir a minha actividade de enólogo a João Portugal Ramos. Duorum exprime o terroir da fantástica região do Douro, resultante da interacção da Natureza e do trabalho do homem. Representa tudo o que esta região me ensinou ao longo da minha vida profissional.” E assim classifico o vinho:
Duorum Douro Colheita 2008****/***** Surge bastante melhor que a sua congénere anterior, embora 2007 seja um ano divino para o Douro. As castas Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinta Roriz deram corpo e alma a este tinto soberbo que estagiou seis meses em cascos de carvalho. Os vinhos bons reflectem também a honradez de quem os produz.
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