Quase que era mais fácil começar por dizer o que é que a Villa, um novo centro cultural alternativo aberto em plena Baixa do Porto, não tem. O nome não é um acaso: o espaço – grande, enorme – abarca uma imensidão de propostas multidisciplinares e pretende cruzar tribos urbanas diversas, que normalmente não convivem debaixo do mesmo tecto, em cima da mesma calçada.
Até é provável que dentro das instalações – onde funcionou um antigo banco e armazéns de um fundo de investimento – essas tribos se compartimentem, mas o Pátio (interior e exterior), com a sedutora arquitectura dos anos 20 a enquadrá-lo, será um ponto de encontro. Pelo menos, assim espera Jaime Gomes, a quem se deve todo o projecto. A ideia, concretiza, “é cruzar o executivo com o rastafari, o tipo que aprecia música clássica com o que gosta de electrónica”.
O que tem a Villa afinal? Para começar, duas pistas de dança: a Main Room, onde actuam os principais djs e a Red Room, com batidas mais alternativas (reggae, raga, drum’n’bass). Há música também no Social Lounge, mais calma obviamente, e no café-concerto, que abraçará projectos na área do jazz e bossa nova. Mas a lista ainda só começou. Há uma galeria de arte, um estúdio de Hairstyle (cabeleireiro dos tempos modernos), uma sala de Som e Imagem, a cargo do curso homónimo da Universidade Católica onde passam filmes de ficção, de animação, documentários. Por detrás de uma porta, que é uma banheira antiga, fica o território da Ready Mind, com obras de artistas que fazem reutilização e reciclagem de materiais. Ainda no campo da arte, uma loja onde se vende joalharia de autor, desenho e escultura. Mais escondido, o estúdio de gravação de vozes que privilegia a produção nacional. E há, até, uma companhia de teatro residente: A Vintena Vadia. A cafetaria, a face visível da Villa, mesmo em frente à entrada dos artistas do Teatro Rivoli, ainda vai inaugurar, lá mais para os finais de Maio. Mas o espaço pretende ser também uma verdadeira caixinha de surpresas. De semana para semana, explica o proprietário, “as pistas podem mudar de sítio, as salas de conceito e, em termos decorativos, haverá sempre uma transformação completa”. Na última sexta de cada mês, vai haver um bocadinho de Barcelona na Villa, com a realização da festa alternativa Nasty Monday, que acontece às segundas no Teatro Apolo da cidade catalã. “Uma festa com um conceito urbano alternativo, com música rock e indie-rock, performances do mundo da moda”, explica Jaime. Nos fins-de-semana em que haja inaugurações na Miguel Bombarda, realizar-se-á o Festival Circuito Arte e Música. A ideia é que sexta e sábado a cidade desemboque na Villa, que organizará uma programação cultural intensa em parceria com outras entidades.
Villa Community R. Dr. Magalhães Lemos, 105, Porto Tlm.: 91 259 5882 Seg-Sáb 14h-02h, Sex-Sáb 14h-06h