A ascensão das redes sociais e de uma certa cultura da juventude trouxe consigo uma maior preocupação relativamente aos sinais que a passagem do tempo deixa na nossa pele.
Prevenir, já se sabe, é sempre melhor que remediar. Apesar de atualmente existirem dezenas de soluções cirúrgicas e não cirúrgicas, mais e menos invasivas, o dermatologista e diretor clínico da Clínica Forjaz, Diogo Forjaz assegura que “devemos começar sempre quando somos ainda novos e, normalmente, de dentro para fora”.
Em vez de uma abordagem terapêutica que procura apagar os sinais do tempo, o dermatologista postula uma abordagem preventiva, que procura atrasar o aparecimento desses mesmo sinais. Beber água é muito importante, tal como praticar exercício físico, proteger a pele do sol, ter um sono regular e uma dieta alimentar equilibrada.
“O consumo de gorduras, fritos, açúcares, refrigerantes, manteiga e alimentos processados pode dar origem a rugas, má qualidade da pele e poros dilatados e, por isso, deve ser evitado”, avisa o dermatologista. Já o consumo de, pelo menos, um litro e meio de água por dia aumenta a quantidade de sangue que chega aos músculos, pele e órgãos e, consequentemente, o aporte nutricional dos mesmo, resultando num “corpo muito mais saudável e numa pele muito mais saudável”.
Outro inimigo de uma pele saudável é o Sol. De tal forma que Diogo Forjaz não tem dúvidas ao afirmar que “o protetor solar é o melhor anti-envelhecimento cosmético que nós temos” e deve ser usado não só no verão como no inverno, aplicado de duas em duas horas, tanto em crianças como em adultos.
O médico refere ainda que, mais do que preparar a pele para a exposição solar, recorrendo a suplementos alimentares, deve-se sim investir no tratamento pós-exposição, recorrendo a bons cremes hidratantes. “Preparar a pele para o dia seguinte é mais importante que a própria suplementação que, hoje em dia, as redes sociais nos propõem”. A exceção é feita para as peles foto-sensíveis ou com doenças como o vitíligo.
Vitamina C e Retinol
Proteger do Sol é importante, mas usar produtos que ajudem a manter a pele jovem também, sobretudo “a partir dos 20 anos”. Diogo Forjaz explica que, enquanto a pele a partir dos 45 anos beneficia de cremes, peles mais jovens respondem melhor à versão em sérum, com uma textura mais leve e fluída. Quanto aos princípios ativos, as palavras Vitamina C e Retinol têm andado, ultimamente, nas bocas do mundo.
A Vitamina é um antioxidante que consegue “prevenir os radicais livres e o stress oxidativo da nossa pele”, promovendo “uma ação reparadora” e dando mais brilho, luminosidade e qualidade à pele. Pode ser usada desde o início da idade adulta e, como também tem um efeito despigmentante, é indicada para pessoas com melasma e hiper-pigmentações.
Já o Retinol é um tratamento noturno e de inverno, que induz uma renovação celular, “como se fizesse uma descamação superficial da pele”, explica Diogo Forjaz. Por esta razão, convém ser aplicado apenas no inverno, para não causar manchas castanhas na pele, e deve ser sempre associado a um protetor solar, no dia seguinte.
“Ambos são substâncias ativas, na dermatologia estética, muito importantes para o anti-envelhecimento”, conclui Forjaz, acrescentando porém que, enquanto a vitamina C dá mais luz à face e pode ser usada em pessoas mais novas, o retinol melhora a textura da pele e está recomendado a partir dos 45 anos.
Toxina botulínica, ácido hialurónico e bioestimuladores
Quando o tratamento entra em maior profundidade, a dermatologia estética oferece três grandes opções: a toxina botulínica, o ácido hialurónico e os bioestimuladores.
A toxina botulínica deve ser aplicada, numa lógica preventiva, a partir dos 30 anos, aponta Diogo Forjaz. Este relaxante muscular, usado nas chamadas rugas dinâmicas, impedirá os músculos de contraírem tanto, atrasando a formação de rugas estáticas, que são visíveis mesmo sem o movimento da face.
É precisamente a existência deste último tipo de rugas que poderá beneficiar da injeção do ácido hialurónico. Ou seja, uma vez que “o dano” está feito, é inútil atuar ao nível da contração muscular. É necessário sim preencher o sulco. “O ácido hialurónico vai captar e reter água e vai conseguir preencher essa ruga”, explica o dermatologista.
Por fim, os bioestimuladores, como próprio nome indica, vão estimular o fibroblasto, uma célula que existe na derme e que “produz colagénio, elastina e proteínas para dar qualidade e fazer retenção de água” na pele. Assim, quem recorre aos bioestimuladores acaba por conseguir uma maior produção de colagénio e elastina na pele, prevenindo as rugas, caso falemos de pessoas mais novas, ou tratando a flacidez, no caso das pessoas mais velhas.
O segredo para um resultado satisfatório e natural, defende Diogo Forjaz, reside na combinação das três opções. “Como a toxina, o ácido e os bioestimuladores têm ações diferentes, gosto muito de combiná-las, porque vamos ao encontro de todas as situações. Os estudos mais recentes defendem mesmo que as combinações são o futuro da medicina estética”.
Ao longo da conversa, Diogo Forjaz falou ainda de outras tecnologias, do laser à radiofrequência, que permitem diminuir a flacidez da pele e as rugas, não só na face, mas também, por exemplo, no pescoço ou nos braços.
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