Com o desconfinamento em curso e os ginásios a abrir portas, são cada vez mais as pessoas que estão a retomar o exercício físico. Por isso, esta semana, nas Conversas com Saúde, falámos com o ortopedista Paulo Amado, mestre em Medicina Desportista, que deixa algumas dicas para se evitarem lesões, seja em desportos como a corrida, seja no treino no ginásio.
Recomeço progressivo
A primeira é o de se retomar com calma Deve-se, diz, “recomeçar de maneira progressiva a atividade física”. E dá um exemplo concreto: “As pessoas que faziam meias maratonas, por exemplo, têm de ir progressivamente: a correr cerca de meia hora no primeiro dia e no segundo dia já uma hora”. Além disso, sublinha é essencial “ter períodos de descanso”. “Notamos que há pessoas que fazem atividade física e que estão tão envolvidos naquilo que tentam fazer todos os dias”conta, garantindo que esta é uma opção errada. O recomendado para quem corre é “dois dias de atividade e um dia de paragem”.
Já no ginásio, a melhor solução, defende, é fazer exercícios variados, pois também varia os músculos que estão em causa.
Outra sugestão de Paulo Amado é a de as pessoas não olharem para o que fazem os atletas de alta competição. O que estes fazem, defende, até pode fazer “mal à saúde”. Já a pessoa comum, diz, “deve fazer desporto da maneira saudável para tirar benefícios do desporto” para a saúde.
O ortopedista, coordenador da Unidade de Ortopedia do Hospital Lusíadas do Porto e presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina e Cirurgia do Pé, alerta ainda para a necessidade de as pessoas fazerem bem os exercícios e usarem adequadamente as máquinas, para evitarem lesões. Segundo o médico, entre as mais frequentes estão as musculares envolvendo tendões.
Sapatilhas protetoras
Conhecer as necessidades do corpo de cada um, ter aconselhamento técnico e seguir as regras são atitudes essenciais para evitar problemas no regresso à atividade física. “No ténis, por exemplo, o tamanho do cabo da raquete é importantíssimo para evitar tendinites do punho”.
Outra dado fundamental são as sapatilhas, que devem variar consoante o tipo de pé e o desporto em causa. A quem pratica corrida, por exemplo, o médico aconselha sapatilha que envolva. “Não pode ser fina, tem de dar proteção, pois quando corremos temos impacto no solo que vibra a estrutura óssea principalmente da coluna”. diz, alertando: “É muito comum pessoas que correm com sapato desadequado desenvolverem fraturas de stress dos pés, lombalgias, dores da coluna”.
Também o futebol é propício a certas lesões, caso não se cumpram certas regras, como fazer alongamentos dos membros inferiores antes de jogar.
Apesar de ser necessário ter cuidados, o médico garante que o desporto é fundamental para a saúde e que até as pessoas com artrose o podem e devem fazer, “Tratar a artrose do joelho não é parar”, diz, explicando que muitos estão a ter sucesso com a hidroginástica.
Independentemente da atividade física , Paulo Amado lembra que o importante é acabar com o sedentarismo: “O movimento é vida.”
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