Investigadores da Universidade de Swansea, no País de Gales, descobriram, num novo estudo, uma nova ligação entre o rácio digital 2D:4D, que diz respeito à relação entre o comprimento do segundo dedo (indicador) e do quarto dedo (anelar) de uma mão, e a saúde, desta vez relativa à disponibilidade e entrega de oxigénio aos tecidos do corpo.
Esta relação tem sido explorada em várias áreas de investigação, incluindo estudos sobre desenvolvimento sexual, comportamento, saúde e até mesmo em relação a certas condições médicas. “O nosso estudo ilustra o valor da utilização de atletas saudáveis e bem treinados para clarificar os processos metabólicos que são importantes nos resultados das doenças”, refere, em comunicado, John Manning, especialista em rácios digitais e um dos autores da nova investigação.
Estudos anteriores já tinham relacionado este rácio com o desempenho em corridas de longa distância e a gravidade da Covid-19: o mesmo grupo de investigação descobriu, num estudo publicado em julho de 2020, uma correlação positiva entre as taxas de mortalidade por Covid-19 e a proporção dos dedos, concluindo que homens com anelares mais longos tendem a ter sintomas mais ligeiros da doença.
Neste novo estudo, publicado na revista científica American Journal of Human Biology, os investigadores, que pretendiam analisar a possível ligação deste rácio com o metabolismo do oxigénio em atletas, realizaram diferentes testes a 133 jogadores profissionais de futebol, do sexo masculino: os atletas foram submetidos a diferentes medições corporais, incluindo o comprimento dos dedos através da digitalização das mãos. Além disso, realizaram testes que envolveram um exercício cardiopulmonar intenso numa passadeira.
“Clarificámos a relação entre o 2D:4D e o metabolismo do oxigénio numa amostra de atletas bem treinados”, garante Manning, acrescentando que “os jogadores com dedos anelares longos (4D) em relação aos seus dedos indicadores (2D) têm um metabolismo de oxigénio eficiente, de tal forma que atingem um consumo máximo de oxigénio muito elevado num teste cardiopulmonar incremental até à exaustão numa passadeira.”
O valor do rácio digital é obtido dividindo o comprimento do dedo indicador (2D) pelo comprimento do dedo anelar (4D) e é frequentemente utilizado como um indicador de exposição a hormonas sexuais durante o desenvolvimento fetal, com os cientistas a associarem os dedos anelares mais longos em relação aos dedos indicadores como um marcador de níveis elevados de testosterona no útero.
Uma razão 2D:4D menor tem sido, de facto, relacionada em alguns estudos a uma exposição mais elevada à testosterona, enquanto uma razão maior tem sido associada a uma exposição mais elevada ao estrogénio.
Manning explica que “a testosterona tem efeitos sobre o metabolismo do oxigénio através da sua influência sobre os produtores de energia (mitocôndrias) no interior das células”. “As nossas descobertas são consistentes com as da corrida de longa distância, em que o 4D longo está relacionado com o alto desempenho, e com as doenças cardíacas e a Covid-19, em que o 4D longo está relacionado com a baixa gravidade da doença”, garante ainda.
Apesar destes resultados, a equipa refere que é necessário continuar a investigar para se perceber melhor esta ligação e para se analisar estas associações em mulheres.