O salmão é um dos peixes mais apreciados e ganhou destaque pelo sabor e pelos benefícios que lhe são associados. Contudo, ao longo dos anos tem surgido informação contraditória sobre se este peixe é realmente tão saudável como é apregoado, ou se tudo não passa de um logro.
Segundo declarações de Dariush Mozaffarian do Instituto Food is Medicina da Universidade de Tufts, em Boston, EUA, à revista Time, “o peixe é um dos poucos alimentos de origem animal com benefícios para a saúde humana, e o salmão está no topo da lista quando recomendo o consumo de peixe”.
É saudável porquê?
O salmão é rico em três tipos de ácidos gordos da série ómega 3. São eles o ácido alfa linolénico (ALA – C18:3), o ácido eicosapentaenoico (EPA – C20:5) e o ácido docosaexaenoico (DHA – C22:6). Segundo explica o site da Direção Geral da Saúde (DGS), “quando ingerimos ácidos gordos da série ómega 3 na forma de ALA este vai sofrer processos enzimáticos que o vão converter em EPA e DHA, mas esta conversão não se dá a 100% por isso devemos preferencialmente incluir fontes que já contenham EPA e DHA e não apenas fontes de ALA”. O consumo de alimentos ricos nestes três tipos de ácidos gordos da série ómega 3 estão associados a menos casos de AVCs, doenças coronárias ou pressão arterial elevada. Além disso, por serem alimentos anti-inflamatórios, protegem contra a obesidade e a diabetes tipo 2. Mozaffarian destaca ainda que o consumo regular de ómega 3 pode proteger contra o declínio cognitivo relacionado com a idade e de doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer.
A substituição do peixe por suplementos não é aconselhada pelos especialistas, uma vez que há evidências de que o ómega-3 do pescado não só é superior como também há estudos que provam que é melhor digerido pelo organismo humano.
Além dos benefícios do ómega 3, o salmão possui também outros nutrientes de valor, como as proteínas, as vitaminas e minerais como fósforo ou magnésio. Ou seja, um pacote completo de benefícios nutricionais.
É então consensual que o salmão é benéfico. Ainda assim, os especialistas alertam que o valor nutricional deste peixe pode variar consoante a espécie ou a forma como é criado.
Qual o tipo mais saudável?
Stefanie Colombo, investigadora da Universidade de Dalhousie, no Canadá, procurou responder à questão em cima através de um estudo em equipa que fez uma análise nutricional aos tipos de salmão disponíveis no mercado. “A conclusão principal do nosso estudo é que não há grandes diferenças entre o salmão selvagem e o de aquacultura”, afirmou.
A investigadora confirma, através dos valores médios registados pelo estudo, que as espécies selvagens mais vendidas podem ter maior “densidade nutricional”. Contudo, tal não significa que o salmão do Atlântico produzido em aquacultura seja menos benéfico, uma vez que o estudo verificou que este tipo de peixe apresenta apenas níveis ligeiramente mais baixos de ómega-3 e outros nutrientes. Quer isto dizer, que este último tipo de salmão continua a ter propriedades recomendadas para a alimentação humana.
“Todos os tipos de salmão que analisámos eram ricos a nível nutricional”, destaca Colombo, que salvaguarda, no entanto, que os dados do estudo são médias, o que faz com que possam surgir variações provocadas por factores como a época em que o peixe é capturado ou o tipo de alimentação que é fornecida.
E os riscos associados a contaminantes e aos níveis de mercúrio?
As dúvidas que podem surgir quanto aos benefícios do salmão estão relacionadas com a suspeita de que este peixe pode apresentar características adversas e que podem suplantar as qualidades. Stefanie Colombo revela que a investigação que conduziu concluiu que todas as espécies analisadas apresentaram níveis de mercúrio bem abaixo dos indicados pelos padrões internacionais de segurança, e que o salmão de aquacultura tende a apresentar menores valores de mercúrio do que o selvagem.
O mesmo estudo prova que os diferentes tipos de salmão analisados não têm níveis de contaminantes ou toxinas alarmantes. Segundo os especialistas, isso acontece por este peixe não viver o tempo suficiente para absorver estes químicos prejudiciais.
Como conclusão, os especialistas confirmam que o salmão é um peixe com propriedades relevantes e que deve ser incluído na alimentação humana.