Há ainda muitas perguntas por responder sobre a Covid-19, desde logo a sua origem – ainda não determinada definitivamente. Um dos vários enigmas da doença que mudou o curso das nossas vidas é a chamada Covid longa, ou seja, sintomas que persistem por semanas ou meses depois da infeção, como fadiga, dificuldades respiratórias ou alterações cognitivas. A Organização Mundial da Saúde estima, aliás, que cerca de 6% das infeções sintomáticas resultam no denominado “estado pós-Covid-19”. Mas sintomas pós infeção respiratória não-Covid que persistem no tempo são uma novidade.
Um estudo publicado na conceituada revista The Lancet concluiu que alguns dos sintomas mais comuns da ‘constipação prolongada’ incluem tosse, dor de estômago e diarreia mais de quatro semanas após a infeção inicial. Embora a gravidade da doença pareça ser o fator-chave do risco de sintomas a longo prazo, estão a ser feitas investigações para estabelecer porque é que algumas pessoas sofrem sintomas prolongados e outras não.
As descobertas da Queen Mary University, em Londres, sugerem que pode haver impactos duradouros na saúde após infeções respiratórias agudas não relacionadas com a Covid-19, como constipação, gripe ou pneumonia, que atualmente não são reconhecidas. No entanto, os investigadores ainda não têm evidências que sugiram que os sintomas tenham a mesma gravidade ou duração da ‘Covid longa’.
O estudo comparou a prevalência e a gravidade dos sintomas de longo prazo após um episódio de Covid-19 com um episódio de outra infeção respiratória aguda com resultado negativo para o SARS-CoV-2. Aqueles que recuperaram da Covid-19 eram mais propensos a sentir tonturas e problemas de paladar e olfato em comparação com aqueles que tiveram uma infeção respiratória não relacionada com a Covid-19.
Os cientistas analisaram dados de cerca de 10 mil adultos do Reino Unido através de questionários e análises estatísticas realizadas para identificar grupos de sintomas.
Em resposta à publicação digital Science Daily, uma das autoras do estudo referiu que “estas descobertas acendem uma luz não apenas sobre o impacto da ‘covid longa’ na vida das pessoas, mas também outras infeções respiratórias. O conhecimento – ou mesmo a falta de um termo comum – impedem tanto a notificação como o diagnóstico destas condições”. A cientista alerta que “à medida que a investigação sobre a ‘covid longa’ prossegue, precisamos de aproveitar a oportunidade para estudar e considerar os efeitos duradouros” de outras infeções respiratórias agudas, lembrando, também, que estas infeções longas “são difíceis de diagnosticar e tratar” principalmente devido à falta de testes direcionados.