Um grupo de cientistas do Instituto Científico de Weizman desenvolveu um modelo de embrião humano sem precisar de recorrer a óvulos, espermatozoides ou útero. Publicado pela revista científica Nature, este é o primeiro modelo embrionário completo a conseguir copiar todas as estruturas chave de um embrião real. “Este é o primeiro modelo de embrião que apresenta uma organização estrutural dos compartimentos e uma semelhança morfológica com um embrião humano no 14º dia”, afirma Jacob Hanna, líder da investigação, em entrevista à BBC.
Espera-se que este modelo ajude a explicar como se formam diferentes tipos de células do corpo humano e que seja também um ponto de partida para compreender a origem de doenças hereditárias ou genéticas e malformações no feto.
Para o desenvolvimento do modelo, foram reprogramadas células estaminais virgens com potencial para se tornarem em qualquer tipo de tecido do corpo. Depois foram adicionados químicos de forma a transformar as células estaminais em quatro tipos de células distintas geralmente encontradas nas primeiras fases de um embrião.
Ao todo foram misturadas cerca de cento e vinte células, incluindo células de epiblasto (encontradas na formação do feto), células de trofoblasto (encontradas na formação da placenta), células de hipoblasto (encontradas na formação do saco vitelino) e células mesodérmicas extraembrionárias.
Após o processo de mistura, cerca de 1% destas células transformam-se numa estrutura de meio milímetro de largura semelhante à de um embrião humano de 14 dias após a fertilização – o limite legal para a investigação de embriões normais na grande maioria dos países.
De acordo com os investigadores envolvidos no estudo, será impossível gerar uma gravidez a partir do modelo, uma vez a implantação do mesmo no útero não seria viável. Mas o modelo desenvolvido já está a responder às perguntas dos investigadores. Segundo os dados analisados, ficou claro que a evolução das várias partes do embrião dependem da formação da placenta em seu redor.
Eticamente, este é um ramo de investigação sensível e que divide a opinião da comunidade científica. Contudo, as investigações têm-se multiplicado recentemente à medida que se procura saber mais sobre a formação do organismo humano.