Sabia que os tubarões desenvolvem novos dentes ao longo da vida? Os humanos não têm essa sorte, depois da dentição de leite ficamos com um conjunto de 32 dentes que deve durar 60 anos ou mais. É muito tempo. Nos dias de hoje, a junção de uma dieta pobre de nutrientes e rica em açúcar e a falta de higiene oral resulta em mais de 2,5 mil milhões de pessoas que sofrem de cáries dentárias – o ácido produzido pelas bactérias que vivem na nossa boca corrói o esmalte que reveste o dente.
As cáries podem levar a outras infeções, mas o que os dentistas podem fazer é apenas preencher essa falha com massa. No entanto, esta ausência de uma solução melhor pode estar prestes a mudar. E se fosse possível usar células estaminais para regenerar o esmalte de um dente de forma natural?
Num estudo publicado na revista científica Development Cell, uma bióloga especializada em células estaminais e a sua equipa da universidade de Washington, EUA, investigaram esta alternativa.
As células estaminais, também chamadas de células mãe, têm a capacidade de dar origem a células especializadas que constituem os vários tecidos e órgãos do corpo. Ou seja, têm a capacidade de se transformar em qualquer outro tipo de célula. Esta característica única permite substituir células que vão morrendo e também a reparação de tecidos danificados.
De acordo com a equipa de investigação é preciso perceber exatamente como é que o esmalte é produzido no nosso corpo. O que não é fácil, dizem, já que as células responsáveis pelo esmalte, denominadas ameloblastos, desaparecem logo depois da dentição do adulto estar completa. Para responder a este problema, os cientistas recorreram a amostras de tecidos de fetos humanos abortados, sendo que esses tecidos têm muitos ameloblastos. Foram, então, conta a revista The Economist, apurados quais os genes mais ativos nas células que produzem o esmalte. Depois, verificaram se as células estaminais poderiam transformar-se em ameloblastos. Finalmente, através de químicos que ativam diferentes genes, conseguiram mimetizar ameloblastos. A próxima etapa é produzir esmalte que possa ser usado em ensaios clínicos.
A líder da equipa, Ruohola-Baker, lembrou ao site da universidade de Washington, que vai continuar os estudos para que seja possível reparar cavidades orais e outros defeitos de forma natural. Em última análise, o objetivo é criar dentes derivados de células estaminais que possam substituir totalmente os dentes perdidos.