A água é um elemento fundamental para o nosso corpo em qualquer altura do ano, mas no verão torna-se indispensável. Em entrevista, o Presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia, Manuel Carrageta, explica que o como é que este bem essencial se pode tornar vital para o nosso organismo.
“A água é um elemento fundamental e tem a importante função de eliminar as toxinas através dos rins e do intestino. Nós estamos sempre a acumular toxinas no nosso corpo e, se estivermos devidamente hidratados, conseguimos elimina-las”, começa por analisar. “Não podemos viver sem água suficiente, isto porque a água é fundamental para todas as funções.”
Como consequência da despreocupação em relação ao consumo de água surge a desidratação, um dos problemas que leva muitos a recorrem às urgências. E a melhor forma de o combater é prevenir.
“Temos um problema, muito frequente no verão, sobretudo em pessoas com mais idade, a partir dos 60 anos, que é a desidratação. A falta de água no nosso organismo é uma das causas que leva as pessoas às urgências”, refere o especialista em Cardiologia, Medicina Interna, Farmacologia clínica e Geriatria.
De entre os vários sintomas, segundo Manuel Carrageta, as pessoas começam a ficar confusas, dores de cabeça, com taquicardia e até com a urina muito escura. “Um dos problemas, principalmente nas pessoas mais velhas, é que começam a perder a sensação de sede e mesmo as pessoas mais novas, quando têm a sensação de sede é porque já se encontram numa situação de quase desidratação”, analisa.
O especialista explica que a partir da terceira década de idade começamos a perder em média 1% ao ano das capacidades em cada órgão, ainda que mais uns do que outros, cada um no seu tempo. E isso é um problema que faz com que as pessoas deixem de sentir a necessidade de beber água. “Por exemplo, o rim vai ter menos capacidade de reter os líquidos, a massa muscular diminui e a perda de sede pode ser prejudicial. Nós precisamos em média de 30 mililitros por quilo ao dia. Isto é, uma pessoa de setenta quilos precisa em média de mais de dois litros por dia de ingestão de água, e muito mais nos dias de calor.”
No verão, a água deve ser consumida fresca, “porque quando chega ao estômago, o frio vai contrair as artérias da parta gástrica, reduz o fluxo de sangue e isso faz com que fique mais sangue livre para chegar ao cérebro e o coração. Ao contrário, com a dilatação, há menos sangue a correr pelo resto do organismo, o que faz com que baixe a pressão arterial”. E é por isto que a água é também fundamental para o sistema cardíaco.
“Portugal tem um problema grave de hipertensão arterial e por esse motivo a principal causa de morte da população portuguesa são os AVC’s, em que há uma artéria do cérebro que entope ou que rompe, levando a uma perda ou à morte de células do cérebro, fazendo com que exista a perda de funções”, descreve Carrageta. “A hipertensão está muito ligada ao sal, e por isso é importante que as pessoas bebam água pobre em sal, o que permite hidratar e ao mesmo tempo baixar a pressão arterial”.
As águas pobres em sal, normalmente, estão identificadas como tal, tendo sempre menos de 50 miligramas por litro. Estar atento a estes pormenores, que se mostram importantes nas rotinas do dia a dia, podem ser uma forma de prevenir doenças cardíacas e de evitar a desidratação. Por isso, o conselho do especialista redobra-se: “beba muita água, hidrate-se com regularidade, mesmo que não sinta essa necessidade”.