A cada respiração, os humanos emitem mais de mil moléculas distintas, produzindo uma impressão digital química única ou “impressão respiratória” rica em pistas sobre o que está a acontecer dentro do corpo. Esta é a base para o que um grupo de cientistas criou.
Os investigadores da CU Boulder e do Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia deram um salto importante no que toca ao diagnostico de doenças, usando a respiração. Estes criaram um bafómetro que pode detetar o coronavírus que parou o mundo, em tempo real e com excelente precisão.
“Os nossos resultados demonstram a promessa da análise da respiração como um teste alternativo, rápido e não invasivo para Covid-19 e destacam o seu notável potencial para diagnosticar diversas condições e estados de doença”, disse Qizhong Liang, um dos autores do estudo.
Entre maio de 2021 e janeiro de 2022, a equipa recolheu amostras de 170 pessoas que foram testadas para a Covid-19. Destes metade testou positivo, metade negativo. Quando compraram os resultados do PCR e os do bafómetro, percebeu-se que este acertou 85% das vezes. Para diagnósticos médicos, a precisão de 80% ou mais é considerada “excelente”.
O aparelho consiste num conjunto complexo de lasers e espelhos do tamanho de uma mesa. Uma amostra de respiração é canalizada através de um tubo enquanto os lasers disparam luz infravermelha invisível em milhares de frequências diferentes. Como cada tipo de molécula absorve a luz de maneira diferente, as amostras de respiração com uma composição molecular diferente projetam sombras distintas. A máquina consegue, assim, distinguir entre essas diferentes sombras ou padrões de absorção, reduzindo milhões de dados – no caso da Covid – a um simples positivo ou negativo, em questão de segundos.
A equipa está agora a analisar uma série de outras doenças na esperança de que o bafómetro possa revolucionar os diagnósticos médicos. “As moléculas aumentam ou diminuem as concentrações quando associadas a condições específicas de saúde”, reforça Liang. “A máquina analisa essas informações, identifica padrões e desenvolve critérios que podemos usar para prever um diagnóstico”.
O próximo passo é que o protótipo fique mais pequeno, reduzindo-o a uma escala de chip, permitindo o que Liang imagina como “acompanhamento de auto-saúde em tempo real e em movimento”. Os resultados foram publicados no Journal of Breath Research .
“Existe um futuro real e previsível de que as pessoas possam ir ao médico e medir a respiração, altura e peso”, explicou outro autor do estudo, Jun Ye. “Ou podam soprar num soprador integrado ao telefone e obter informações sobre a sua saúde em tempo real.”