O melanoma pode ter um tratamento mais eficaz à vista, anunciaram investigadores norte-americanos. Os resultados de um ensaio clínico de fase 2 sugerem que adicionar à imunoterapia Keytruda (nome comercial do pembrolizumab) uma vacina personalizada baseada na tecnologia ARN-mensageiro reduz em 44% o risco de morte ou reincidência desta forma mais rara e mais fatal de cancro da pele.
Os resultados, apresentados num encontro da Associação Americana para a Pesquisa Oncológica, no domingo, na Florida, vieram adicionar novos dados às informações avançadas em dezembro pela Moderna e a Merck. E, em breve, serão publicados dados adicionais numa revista científica.
Em dezembro, as duas empresas farmacêuticas anunciaram, através de um comunicado, que os pacientes a quem fora administrada uma combinação da vacina experimental e do Keytruda tinham tido um risco menor de reincidência ou morte do que se recebessem apenas o fármaco, já utilizado no tratamento de melanoma.
Eram, ainda, resultados preliminares, mas suficientemente “interessantes e impressionantes” para Jeffrey S. Weber, do centro oncológico Langone Perlmutter, da Universidade de Nova Iorque, olhá-los como “decisivos” para a abordagem futura deste e doutros tipos de cancro.
Agora, ficou-se a saber que o estudo envolveu 157 pacientes, homens e mulheres, que tinham sido operados para tratar melanoma e corriam risco elevado de reincidência. No grupo que recebeu a vacina experimental mRNA-4157/V940 em conjugação com o Keytruda, 78,6% das pessoas estavam livres de cancro ao fim de 18 meses. No grupo de controlo, em que apenas se administrou o Keytruda, houve um regresso do melanoma em quase 40% dos casos. E em ambos os grupos foram observados efeitos secundários similares, sendo a fadiga o sintoma o mais reportado.
“De um ponto de vista geral das terapias oncológicas, é potencialmente um enorme avanço”, sublinhou, na Florida, Ryan Sullivan, um dos especialistas em melanoma que participou neste estudo.
Será agora necessário um novo ensaio clínico, de fase 3, para a aprovação desta terapia combinada, o que ainda poderá demorar três a quatro anos.
Recorde-se que a vacina ARN-mensageiro é preparada com base na análise de tecido canceroso removido cirurgicamente do paciente. Ela é concebida para treinar o sistema imunitário para reconhecer e atacar mutações específicas nas células cancerosas. É, portanto, personalizada para cada paciente.
A vacina experimental mRNA-4157/V940 contra o cancro de Moderna foi concebida para aperfeiçoar o sistema imunitário a fim de gerar uma resposta a tumores específicos. O Keytruda, da Merck, que já é utilizada no tratamento do melanoma, estimula o sistema imunitário a atacar os tumores. “São necessárias 6 a 8 semanas para preparar a vacina”, escreveu em dezembro Jeffrey S. Weber, “pelo que o modo adjuvante é o cenário perfeito para testar este conceito.”
O melanoma, o forma mais grave de cancro de pele, caracteriza-se pelo descontrolo crescimento de células produtoras de pigmentos. As taxas de melanoma têm sido aumentando ao longo das últimas décadas, tendo havido quase 325 mil novos casos diagnosticados a nível mundial em 2020.