A Organização Mundial de Saúde (OMS) poderá, em breve, acrescentar medicamentos para a perda de peso à sua lista de medicamentos essenciais, segundo a Agência Reuters.
A lista de medicamentos essenciais da OMS tem em conta “as necessidades mínimas de medicamentos para um sistema de saúde, enumerando os medicamentos mais eficazes, seguros e rentáveis para situações prioritárias”. São selecionados com base em preocupações de saúde pública atuais e futuras, orientando os governos nacionais na decisão sobre que medicamentos comprar. Constam da lista medicamentos como o ibuprofeno, a aspirina, a lidocaína, medicamentos para o HIV, e antibióticos como a amoxicilina.
O Comité de peritos da OMS sobre a seleção e utilização de medicamentos essenciais decorrerá entre 24 e 28 de Abril para discutir revisões e atualizações sobre vários medicamentos.
O pedido partiu de quatro investigadores de instituições norte-americanas, incluindo da Universidade de Yale e da Universidade da Califórnia, que citaram preocupações de saúde pública para acrescentar o liraglutido à lista de medicamentos essenciais, já que a obesidade representa uma sobrecarga no sistema de saúde. Ser obeso está associado a uma maior mortalidade, que contribui para uma enorme pressão sobre os sistemas de saúde e as sociedades, segundo a OMS.
A obesidade é, atualmente, a doença crónica mais comum. Em todo o mundo, 13% dos adultos são obesos. Destes, 70% encontra-se nos países do sul global, pelo que a inclusão do liraglutido na lista de medicamentos essenciais poderá proporcionar uma comercialização a preços mais baixos aos países mais desfavorecidos.
O liraglutido, uma substância análoga ao conhecido semaglutido, que é fabricado pela Novo Nordisk, promove a perda de peso ao retardar a digestão e ao reduzir o apetite. É atualmente administrado como uma injeção diária e tem ajudado as pessoas a reduzir a sua massa corporal em até 10%.
A Victoza e a Saxenda são comercializadas na União Europeia e ambas têm o liraglutido como substância ativa. A primeira destina-se a doentes com diabetes tipo 2, enquanto a segunda está indicada “como complemento de uma dieta reduzida em calorias e de um aumento da atividade física para o controlo do peso em doentes adultos” com obesidade e excesso de peso.
Um estudo publicado na revista científica Diabetes, Obesity and Metabolism, e financiado pela Novo Nordisk mostra que as pessoas que utilizam estes medicamentos recuperam rapidamente o peso perdido quando deixam de o tomar. Há também a preocupação de que o liraglutido desencadeie uma maior perda muscular em relação à perda de gordura.
A OMS poderia optar por rejeitar o pedido ou esperar por mais testes e investigações, mas, se aceitar, será o início de uma nova abordagem no combate à obesidade.