O alto teor de fibra e a gordura insaturada presente no abacate, determinantes no controlo dos níveis de colesterol, já tinha sido observado em ensaios clínicos anteriores. O estudo publicado pelo Journal of the American Heart Association reforça que comer abacate ajuda a reduzir o risco de doenças cardiovasculares.
Ao longo de três décadas, a investigação acompanhou mais de cem mil pessoas, 68 786 mulheres e 41 701 homens. Nesse período, foram detetados 9 185 casos de doença coronária e 5 290 de acidentes vasculares cerebrais (AVC).
Tendo em conta os vários fatores de risco cardiovascular e a dieta dos participantes, os autores do trabalho, liderados por Lorena Pacheco, do departamento de nutrição da Escola de Saúde Pública de Harvard T.H. Chan, calcularam que comer porções equivalentes a meio abacate duas vezes por semana reduziu em 16% o risco de sofrer dessas doenças, em comparação com aqueles que nunca comem o fruta.
O estudo, realizado em grupos recrutados de profissionais de saúde, apresenta limitações, pois, além da relação observada, não é possível estabelecer uma relação de causa e efeito entre o consumo de abacate e o risco cardiovascular. No entanto, Lorena Pacheco sublinha que “existem potenciais mecanismos biológicos que ditam que os abacates exercem os seus benefícios cardioprotetores.”
“O principal ácido gordo monoinsaturado encontrado no abacate é o ácido oléico [Omega-9], uma gordura saudável que acreditamos ajudar a reduzir a pressão arterial alta, a inflamação e a sensibilidade à insulina”, explica a investigadora. “Além disso, os abacates contêm esteróis vegetais e fibras solúveis, o que pode levar a níveis mais baixos de mau colesterol [LDL]”, acrescenta.
É interessante pensar no abacate como um substituto de outros tipos de alimentos com gorduras saturadas, por ser uma fruta bem aceite. O que poderá fazer mal na sua ingestão calórica, tantas vezes em forma de guacamole, será a combinação com outros alimentos cheios de gordura e sal, como tiras de milho ou batatas fritas.
A melhor forma de incorporar o abacate na dieta é como alternativa à manteiga ou ao bacon, elevadas fontes de gordura.
Os autores do estudo concluíram que os abacates têm um efeito na redução do risco de doenças cardiovasculares semelhante ao do consumo de nozes ou azeite, dois tipos de alimentos também ricos em ácido oléico.
Contudo, em alguns países, a produção de abacates tem tido um elevado impacto ambiental, com este fruto nativo da América Central e do Sul presente na dieta dos habitantes da região há vários séculos.
No mercado globalizado, a sua produção requer a utilização de grandes quantidades de água e com uma alta pegada de carbono, ao percorrer longas distâncias de países como México até aos Estados Unidos da América e à Europa.