Adoença afeta o funcionamento do tubo digestivo e é mais comum em pessoas mais jovens e em especial nas mulheres. “Atinge mais frequentemente adultos jovens com idades entre 20 e 40 anos, e a sua incidência é duas vezes superior no género feminino”, diz a gastroenterologista Cátia Arieira, do Hospital da Senhora da Oliveira, em Guimarães, e do Hospital Lusíadas Braga, acrescentando que cerca de um milhão de portugueses e 11% da população mundial sofrem deste problema. Veja as respostas da médica sobre as causas, os tratamentos e a prevenção desta doença.
O que é?
A síndrome do intestino irritável (SII) é uma doença crónica do funcionamento do tubo digestivo que cursa habitualmente com dor abdominal e alteração dos hábitos intestinais (diarreia e/ou obstipação). Esta doença tem um grande impacto na qualidade de vida do doente com diminuição da produtividade laboral e integração social. Atinge mais frequentemente adultos jovens com idades entre 20 e 40 anos, e a sua incidência é duas vezes superior no género feminino.
Quais as causas?
A médica gastrenterologista Cátia Areira diz que estudos mais recentes indicam que o stress e a infeção aguda podem ser desencadeadores do síndrome
As causas ainda não são totalmente conhecidas. No entanto, estudos mais recentes apontam para fatores como stresse e infeção aguda como despoletantes da SII. Estes fatores num indivíduo geneticamente predisposto causam uma descoordenação do eixo cérebro-intestino, provocando uma alteração da motilidade do tubo digestivo, alteração da permeabilidade e hipersensibilidade intestinal e alteração do processamento dos sintomas ao nível do sistema nervoso central (cérebro). Estes doentes referem frequentemente um agravamento dos sintomas com determinados alimentos, pelo que, a alimentação também parece ser um fator contribuinte. Esta doença também se associa mais frequentemente a doenças como a fibromialgia ou fadiga crónica.
Como se trata?
Uma vez estabelecido o diagnóstico, uma abordagem terapêutica é fundamental não só com intuito de melhorar a qualidade de vida dos doentes, mas também para reduzir os gastos em saúde (consultas, medicamentos, exames complementares de diagnóstico e baixas médicas) associados a esta doença.
A SII é uma doença crónica de caráter intermitente com períodos de acalmia e períodos de agravamento, pelo que o tratamento deve ser personalizado e, habitualmente, é necessária uma abordagem terapêutica sintomática e também uma abordagem biopsicossocial. É fundamental o médico realizar uma adequada educação e esclarecimento da doença e da sua história natural, de forma a gerir as expectativas do tratamento. O ajuste alimentar com exclusão de alimentos que agravem as queixas é habitualmente necessário bem como o aumento da ingestão de fibras. Do mesmo modo, como o SII cursa com dor e alteração dos hábitos intestinais (diarreia e/ou obstipação) é necessário realizar terapêutica sintomática com antiespasmódicos (que diminuem a dor abdominal) e antidiarreicos ou laxantes. Outros tratamentos, como o uso de antidepressivos podem ser prescritos com intuito de modular a sensação de dor em doentes refratários aos tratamentos previamente referidos ou com sintomas severos. Existem, ainda, alguns estudos recentes sobre o uso de probióticos nesta doença, no entanto, com resultados limitados. Por fim, é importante frisar que o sucesso terapêutico vai depender de uma forte relação médico/doente e de decisões terapêuticas partilhadas.
Como se previne?
A prevenção deve ser feita com a eliminação de fatores despoletantes, nomeadamente a ingestão de açúcares refinados, alimentos processados, café, refrigerantes, álcool e derivados lácteos. Relativamente aos fatores como o stresse e ansiedade devem ser controlados, uma vez que podem estar na origem desta doença. Um estilo de vida saudável, com prática regular de exercício físico, e a realização de terapêuticas comportamentais como a psicoterapia permitem controlar níveis de stresse e ansiedade com efeitos centrais no humor e na redução da perceção da dor.
7 conselhos
A doença afeta mais de um milhão de portugueses. Segundo o Movimento Intestino Feliz, algumas atitudes podem minimizar os problemas
- Faça refeições regulares e coma devagar. Evite saltar refeições ou ficar períodos longos sem comer.
- Beba pelo menos oito copos de água (ou outro líquido, sem cafeína ou álcool) por dia.
- Restrinja o consumo de chá e café a três por dia. Não convém tomar três cafés e três chávenas de chá num só dia, embora o consumo ideal de café e chá possa variar de pessoa para pessoa.
- Reduza o consumo de álcool e bebidas gaseificadas.
- Ajuste o seu consumo de fibras – fale com o seu nutricionista para saber qual a quantidade e que tipo de fibras é o mais adequado.
- Limite o consumo de fruta a três porções por dia.
- Tente evitar os açúcares e adoçantes, de forma geral.