O último relatório sobre a Diversidade Genética do SARS-CoV-2 do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) revela que a frequência da linhagem BA.2 da variante Ómicron tem “aumentado paulatinamente”, representando cerca de 17,2% das amostras sujeitas a sequenciação na semana de 7 a 13 de fevereiro, estimando-se que represente 42,5% das amostras positivas ao dia 20 de fevereiro de 2022.
A BA.2 está a ganhar terreno à variante original da Ómicron, a BA.1. Em Portugal, segundo dados do INSA, a linhagem BA.2 foi detetada em amostras aleatórias na última semana de 2021. Não se sabe a origem desta sub-linhagem, mas o primeiro país a reportar ao sistema internacional de monitorização (o GISAID), foi as Filipinas.
Uma investigação realizada por investigadores japoneses sugere que esta subvariante é mais transmissível e que pode provocar doença mais grave, no entanto, a Organização Mundial da Saúde diz que embora “estudos preliminares” sugiram que a BA.2 pareça ser mais transmissível, “os dados do mundo real sobre a gravidade clínica na África do Sul, Reino Unido e Dinamarca, onde a imunidade da vacinação e de infeção natural é alta, indicam que não houve diferença relatada na gravidade entre BA.2 e BA.1”.
O infeciologista Saraiva da Cunha diz que “para já, a BA.2 não está a ter repercussão, dado que não levou a um aumento de casos, pelo contrário, estão a diminuir”. Sublinha que a BA.1 “também era mais contagiosa do que a anterior, a Delta, mas revelou-se mais benigna e esta terá características semelhantes”.
Silva Graça, infeciologista e diretor clínico do Hospital Cruz Vermelha, nota que ainda é cedo para “sabermos se esta linhagem terá um comportamento igual à anterior”. O médico argumenta que ainda não existem dados “claros e seguros sobre a capacidade de provocar doença grave e se as vacinas atuais protegem”. Além disso, explica, a BA.2 ainda “não se tornou dominante”, os 42% “não são números reais, são apenas uma previsão”, acrescenta, só “saberemos se esta linhagem inverte a situação atual”, com menos internamentos e doença grave quando se tornar dominante”.
Para Fernando Maltez, infeciologista no Hospital Curry Cabral, em Lisboa, a subvariante BA.2 ainda precisa de ser mais estudada, mas, para já, “não devemos estar preocupados”.
O médico de Saúde Pública, Ricardo Mexia, atesta que não “devemos mudar a estratégia” de combate à pandemia por causa desta subvariante, mas, sim, “estarmos atentos e intervir se for preciso”.
A BA.2 já foi detetada em mais de 70 países. Na Dinamarca tornou-se a variante dominante.
Recorde-se que a Dinamarca foi o primeiro país da União Europeia a anunciar o levantamento de todas as restrições contra a Covid-19, incluindo o uso de máscaras, no início de fevereiro.