“Aqui está mais uma razão para ser vacinado, se preciso fosse”, congratula-se Michael Edelstein, epidemiologista da Universidade de Bar-Ilan em Safed, Israel, e co-autor de um estudo, que ainda não foi revisto pelos pares mas que acrescenta mais um efeito benéfico às vacinas contra a Covid-19: a proteção contra sintomas de longo prazo.
A investigação, que teve por base dados de infetados logo no início da pandemia, concluiu que quem fica infetado com o SARS-CoV-2 depois de ter sido vacinado é muito menos propenso a relatar fadiga e outros sintomas comuns nos casos da Covid prolongada do que os infetados não vacinados. A equipa israelita relata mesmo que quem foi vacinado com a Pfizer e depois ficou infetado não tinha maior probabilidade de ter aqueles sintomas do que quem nunca sequer teve Covid.
Fadiga, falta de ar e dificuldade de concentração são alguns dos sintomas que muitos recuperados da doença – algumas estimativas apontam para 30% dos infetados, mesmo entre os que nunca foram hospitalizados – continuam a relatar semanas e meses depois da infeção.
A equipa de Edelstein debruçou-se sobre dados de pessoas que tinham testado positivo entre marco de 2020 e julho de 2021, data de início da recolha das respostas de mais de 3000 mil recuperados sobre se estavam a ter os sintomas mais comuns da Long Covid. Os investigadores compararam a prevalência de cada um dos sintomas com o estado de vacinação e concluíram que os totalmente vacinados que tinham tido Covid tinham menos 54% de probabilidade de reportar dor de cabeça, menos 64% de probabilidade de sentir fadiga e uma possibilidade 68% menor de sofrer de dores musculares do que os participantes não vacinados.
Um outro estudo, de setembro do ano passado, também tinha concluído que a vacinação cortava para metade o risco de Covid prolongada.
O artigo na Nature que dá conta desta investigação israelita sublinha, no entanto, que não é possível daqui sobre a proteção da vacinação em relação a estes sintomas de longo prazo quando a infeção foi provocada pela variante Ómicron.