Uma equipa de investigadores do Hospital Universitário e a Faculdade de Medicina da Universidade de Zurique descobriu uma forma de identificar pacientes com maior risco de desenvolver Covid-19 prolongada, através de uma “assinatura de anticorpos”.
Assim, através da combinação da idade do paciente, a severidade dos sintomas e através do historial de asma do paciente, os investigadores conseguem prever quais os doentes que têm maior risco de ficar doentes quatro semanas depois de desenvolverem o primeiro sintoma de Covid-19.
O estudo publicado semana na revista Nature Communications descreve que a assinatura é definida pelos níveis de IgM (Imunoglobulina M)e IgG3 (Imunoglobulina G3), responsáveis pela proteção do sistema imunitário quando atacados por uma infeção, como é o caso da Covid-19.
A equipa reuniu 175 pessoas que testaram positivo para a Covid-19 e 40 voluntários saudáveis que atuaram como grupo de controlo, tendo sido todos acompanhados durante um ano inteiro. No final, dos 134 pacientes que ficaram infetados, 45 destes foram considerados casos graves. Os exames ao sangue dos participantes mostraram que aqueles que desenvolveram a doença de forma prolongada tendiam a ter níveis baixos dos anticorpos IgM e IgG3.
Os sintomas prolongados mais comuns foram fadiga, falta de ar, alteração do olfato ou paladar e ansiedade ou depressão. Estes foram cerca de 2 a 6,5 vezes mais frequentes em casos graves em comparação com casos leves de Covid-19, com exceção de distúrbios do olfato ou paladar.
Para comprovar o modelo criado – que combina a assinatura do anticorpo com a idade do paciente, a existência ou não de historial de asma e detalhes dos sintomas Covid-19 – a equipa realizou um outro estudo com 395 pessoas infetadas, durante seis meses.
“Determinámos que o maior benefício clínico do nosso modelo é quando dá probabilidades entre 40% e 60%, e acima de 55% em doentes hospitalizados. Isto significa que um médico deve aconselhar medidas preventivas se a probabilidade for acima de 55%”, escrevem.
Esta análise não pode prever o risco de uma pessoa ter Covid-19 prolongada muito tempo antes de ser infetada porque são necessários detalhes dos sintomas, mas sabe-se que pessoas com asma e baixos níveis de IgM e IgG3 têm um maior risco.
“Espera-se que isto melhore o atendimento de pacientes com Covid-19 de longa duração, além de motivar os grupos de alto risco, como os pacientes asmáticos, a serem vacinados e, assim, prevenir a Covid-19 de longa duração”, lê-se no estudo.