Um estudo norte-americano aponta para o Viagra como melhor candidato para prevenir e tratar a doença de Alzheimer.
Os cientistas estudaram mais de 1600 medicamentos aprovados pela FDA (o organismo responsável pela segurança dos alimentos e medicamentos nos EUA) para descobrir quais poderiam ser um tratamento adequado para a doença. Os que tiveram uma pontuação mais alta foram aqueles que atingem as proteínas amilóide e tau – dois indicadores da doença de Alzheimer.
Em pacientes que sofrem desta doença, a proteína amilóide acumula-se no cérebro, formando placas, e as fibrilhas da proteína tau, responsáveis por estabelecer a comunicação entre neurónios, deixam de funcionar normalmente.
Posteriormente, os investigadores estudaram a relação entre o uso do sildenafil e a doença de Alzheimer, comparando doentes que usavam o medicamento com os que não o usavam e verificaram que os utilizadores de sildenafil tinham menos 69% de probabilidades de desenvolver a doença de Alzheimer do que os não tomavam o medicamento, após seis anos de acompanhamento. Em concreto, descobriram que a substância que compõe o Viagra aumentou o número das células cerebrais e melhorou o funcionamento das proteínas tau.
“O sildenafil, que demonstrou melhorar significativamente a cognição e memória em modelos pré-clínicos, foi o melhor candidato”, diz Feixiong Cheng, o líder do estudo.
No entanto, o investigador acrescenta que o estudo não demonstra necessariamente uma relação causal entre o uso de Viagra e a Alzheimer. Serão necessários ensaios clínicos aleatórios envolvendo ambos os sexos para determinar a eficácia do medicamento no tratamento e prevenção da doença, explica.
Outros profissionais da área, apesar de reconhecerem as potencialidades do estudo, mantém-se cautelosos. É o caso de Tara Spires-Jones, diretora-adjunta do Centro de Ciências Cerebrais da Universidade de Edimburgo. “Embora estes dados sejam cientificamente interessantes, com base neste estudo, não me apressaria a começar a tomar sildenafil como prevenção da doença de Alzheimer”, diz.
Similarmente, Susan Kohlhaas, diretora de investigação na Alzheimer’s Research UK, afirma: “Ser capaz de reutilizar um medicamento já licenciado para outras condições de saúde pode ajudar a acelerar o processo de descoberta de medicamentos e a administrar tratamentos para a demência que mudam a vida dos pacientes mais cedo”.
“É importante notar que esta investigação não prova que o sildenafil seja responsável pela redução do risco de demência, ou que abrande ou pare a doença. A única forma de testar isto seria num ensaio clínico em grande escala, medindo o efeito do sildenafil contra o padrão habitual de cuidados”, conclui.