Um novo relatório do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, publicado na última sexta-feira, vem descontruir o que se pensava relativamente à imunidade fornecida pela vacinação contra a Covid-19 e após a infeção pela doença.
Esta nova investigação, publicada na última sexta-feira, fez uma revisão detalhada de mais de 90 estudos científicos e de dados não divulgados da própria agência e, comparando os dois tipo de imunidade, concluiu que tanto a que é induzida naturalmente pela infeção como a que é produzida pela vacina duram pelo menos seis meses.
Contudo, as vacinas são mais consistentes no que diz respeito à proteção e oferecem um grande aumento do nível de anticorpos em pessoas que já tenham estado infetadas. De acordo com os investigadores, a vacinação fornece um “nível de imunidade mais alto, robusto e consistente na proteção contra a Covid-19 do que apenas a infeção”.
Até há pouco tempo, pensava-se que a resposta imunitária seria maior depois de se ter estado infetado com Covid-19 do que com a vacinação. Isto porque, com qualquer uma das vacinas, o corpo aprende a localizar e reagir à proteína de espícula, mas o SARS-CoV-2 conta com mais 28 proteínas que usa para “sequestrar” as nossas células e replicar-se milhares de vezes.
No fim de agosto, Eleanor Riley, imunologista da Universidade de Edimburgo, na Escócia, explicava à BBC que quem esteve infetado pode ter melhor imunidade às novas variantes, já que o seu sistema imunitário reconhece mais do que a proteína spike.
Em relação à duração da imunidade, a VISÃO escreveu que o sistema imunitário recorda o que tem a fazer e responde rapidamente em caso de infeção. Com o SARS-CoV-2 a circular há cerca de 15 meses, na altura, já se tinha percebido que um ano depois da infeção continua a haver resposta imunitária e os estudos com as vacinas vão no mesmo sentido.
Neste novo relatório, escreve-se que os níveis de anticorpos variam amplamente de um indivíduo para outro após uma infeção. E embora níveis mais altos de anticorpos neutralizantes signifiquem, normalmente, que existe uma proteção mais alta, os investigadores não sabem exatamente que nível de anticorpos pode proteger, de facto, uma pessoa.
Por isso mesmo, a conclusão do CDC é que, tendo em conta o que se sabe e não se sabe sobre imunidade, quem já foi infetado com o novo coronavírus deve, ainda assim, ser vacinado contra o vírus, sendo que vários estudos demonstraram que a vacinação aumenta a resposta imunológica e reduz ainda mais o risco de uma nova infeção, escrevem os investigadores.
“Embora pareça haver várias evidências sobre a proteção relativa que ocorre após a sobreviência à Covid-19 em comparação com a vacinação completa, há evidências imunológicas e epidemiológicas crescentes de que a vacinação após a infeção aumenta ainda mais a proteção contra doenças subsequentes entre os que ficaram previamente infetados ”, afirma o CDC.