A pandemia “ainda não terminou. Não estamos numa fase de cancelamento das medidas”, disse a pneumologista Raquel Duarte, da Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte e do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, esta quinta-feira, no Infarmed. “Temos de estar atentos” e essa atenção passa também por prevenir, segundo a especialista, a “eventual necessidade” de ter de ser administrada uma dose de reforço das vacinas contra a Covid. Assim, o grupo que tem aconselhado o Governo durante o plano de desconfinamento propõe que se estabeleçam já as condições para vacinar em massa, novamente.
Raquel Duarte indicou que este processo não pode ficar a cargo dos centros de saúde e que as estratégias de notificação dos cidadãos podem ser mantidas, referindo-se ao envio de SMS com as marcações e ao contacto telefónico para aqueles que não responderam pela via anterior.
Para além disto – atingido o patamar de 85% da população com a vacinação completa – está na altura de mudar o paradigma da gestão das medidas de controlo, sugeriu a equipa da ex-secretária de Estado da Saúde. A ideia dos peritos é passar, de forma faseada, “da obrigatoriedade destas medidas para uma responsabilidade individual e organizacional”.
Isto é: os especialistas aconselham o Governo a dar instruções claras aos cidadãos sobre o que se deve manter (o distanciamento físico, a utilização de máscara em espaços fechados, as orientações de higiene, a testagem), mas estas indicações devem deixar de assumir um caráter de obrigatoriedade.
Neste contexto, deve ser atribuída especial atenção aos lares, onde se encontra a população mais vulnerável e nestes espaços tem de ser garantida a testagem regular de funcionários, a apresentação do certificado digital para visitar um dos utentes e a monitorização constante de possíveis sintomas. Destaque ainda para o controlo de fronteiras (onde também se deve manter o pedido de teste ou de certificado) e para os transportes públicos (que têm de assegurar ventilação adequada, promover o distanciamento físico entre as pessoas ao máximo e a utilização de máscara, por enquanto).