No primeiro trimestre deste ano, Portugal recebeu menos 5,4 milhões de vacinas contra a Covid-19 do que o previsto. Mesmo assim, Henrique Gouveia e Melo, coordenador da Task Force para o Plano de Vacinação, acredita que os desafios foram contornados, dá conta da chegada das vacinas às faixas etárias mais jovens e de que pediu à Direção-Geral da Saúde para encurtar o intervalo entre a primeira e a segunda inoculações.
Será já a partir de 14 de agosto que a vacinação ficará disponível para os jovens entre os 16 e os 17 anos e, na semana seguinte, poderá avançar para os de 12 aos 15 anos, “se a Direção-Geral da Saúde (DGS) concordar”, explicou Gouveia e Melo, esta terça-feira, no auditório do Infarmed. Sem deixar de sublinhar que entre os 12 e os 15 anos, estamos a falar de 1,5 milhões de pessoas, “uma quantidade muito elevada de pessoas suscetíveis ao vírus e com um grande contacto comunitário, por causa das escolas”.
Já o Presidente da República mostrou-se mais cauteloso sobre a vacinação das crianças, na intervenção que fechou a sessão pública no Infarmed. “É uma ideia forte”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, e que tem de ser “dada a tempo para os pais pensarem e assumirem a importância de tratar disso atempadamente”. Apresentou-se mais animado, no entanto, quanto ao ritmo da vacinação geral, que descreveu como “excecional” e “notável”.
Gouveia e Melo apontou que, apesar dos atrasos nas entregas dos lotes de vacinas, “estamos a ganhar a corrida”. E que o fundamental será não “folgar no período de férias. Folgar o ritmo é dar oxigénio ao vírus”. De acordo com as estimativas da task force, na primeira semana de agosto (até dia 8), o País deve ter 70% da população com a primeira dose e na última semana de agosto, início de setembro 70% da população deverá ter a vacinação completa. Este não será, no entanto, o momento em que se atinge a imunidade de grupo, uma vez que, com a variante Delta a dominar os contágios em Portugal, este valor subiu pelo menos para os 85%, explicou, na sua intervenção, a pneumologista e ex-secretária de de Estado da Saúde Raquel Duarte.
A DGS também avaliará entretanto a possibilidade de encurtar o intervalo entre as duas inoculações da vacina, a pedido da task force, com o objetivo de “aumentar fortemente a proteção contra o vírus”.
Desde que o início do Plano de Vacinação chegaram a Portugal 13 milhões de vacinas. Destas 12 milhões ficaram no continente e as restantes foram para as ilhas (Açores e Madeira). Foram aplicadas, até hoje, 11 milhões de doses e esta semana é esperado que se utilizem outras 600 mil. Gouveia e Melo referiu ainda que foram vacinados também 255 888 cidadãos estrangeiros, em Portugal, maioritariamente vindos do continente americano, depois da Europa e depois da África.