A segunda intervenção de Baltazar Nunes, do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), no auditório do Infarmed, em Lisboa, foi como “porta-voz” de um grupo de peritos que elaborou um documento sobre os critérios a ter em conta para controlar uma epidemia.
O epidemiologista enumerou as condições que devem ser atingidas:
- Taxa de incidência a 14 dias abaixo dos 60 casos por 100 mil habitantes
- Rt menor ou próximo de 1
- Percentagem de casos positivos (em testagem) abaixo dos 4%
- Atraso entre diagnóticos e notificação deve ser a mínima possível (só 10% dos casos deve exceder as 24 horas)
- Isolamento precoce em 90% dos casos e rastreio de contactos nas primeiras 24 horas
- Taxa de ocupação de camas em cuidados intensivos abaixo das 85% (245 camas em UCI para doentes Covid-19)
- Vigilância eficaz das variantes de preocupação
Com estes dados os especialistas das Faculdades de Ciências do Porto e de Lisboa, da Direção Geral da Saúde, do INSA, da Escola Nacional de Saúde Pública e da Comissão de Acompanhamento para a resposta em Medicina Intensiva à Covid-19, criaram “uma matriz”, segundo Baltazar Nunes, que define a “urgência de agir e a intensidade das medidas a tomar” em função do tempo “até atingir 240 casos por 100 mil habitantes”. Ou seja, o R e a incidência de casos têm um papel fundamental na fórmula apresentada para controlar a pandemia, dando mais ou menos tempo para tomar medidas restritivas. A epidemia controlada é quando há “60 casos por 100 mil habitantes” ou, se houver “120 casos por cem mil habitantes” haver, um “Rt baixo”.
Quase no final da sua intervenção, Baltazar Nunes referiu que a “situação atual” é de “perto de 120 casos por 100 mil habitantes”, ou seja, e de acordo com os critérios apresentados anteriormente, “uma situação de manutenção das medidas, por enquanto”. No entanto, ressalva, que as projeções são de que a 15 de março (atual estado de emergência termina a 16) já vamos estar “provavelmente, numa situação muito perto dos 60 casos por 100 mil habitantes e da taxa de ocupação desejada” para as UCI.