Enquanto as campanhas de vacinação avançam em todo o mundo, os investigadores continuam a estudar a incidência do novo coronavírus em animais de estimação e na vida selvagem. Notícias sobre os tigres infetados num jardim zoológico dos EUA e os milhares de visons abatidos na Dinamarca correram o mundo e continuam a questionar o papel destes seres vivos na contração e transmissão do vírus. Haverá a necessidade urgente de criar uma vacina para os animais?
Para já, os donos de animais de estimação podem ficar descansados. William Karesh, vice-presidente executivo de Saúde e Políticas da EcoHealth Alliance, garante que “não há necessidade de uma vacina” para estes amigos de quatro patas “do ponto de vista da saúde pública”. A quantidade de cães e gatos infetados não é exata e, por isso, pouco se sabe sobre a sua taxa de infeção. Ainda assim, o investigador deixa claro que eles “não desempenham um papel importante na manutenção ou transmissão da doença aos humanos”, cita a revista Science.
A preocupação aumenta, no entanto, em relação aos animais selvagens. Alguns estudos de laboratório indicam que “o SARS-CoV-2 pode infetar uma ampla gama de animais, desde esquilos a ovelhas e cachalotes”, adianta a mesma publicação. Para Jonathan Epstein, vice-presidente de Ciência e Divulgação da EcoHealth, são os grandes macacos que merecem vigilância mais ativa. No passado, outros vírus respiratórios já tiveram grande impacto na saúde de chimpanzés e gorilas. Se o vírus se disseminar nas comunidades de espécies em perigo, poderá acelerar a sua extinção.
“Há potencial para o vírus sofrer mutação e não atingir apenas as pessoas, mas também a vida selvagem”, diz Jonathan Epstein. Uma das soluções pode passar pela forma como o ser humano interage com os animais: “Qualquer pessoa que vá entrar em contacto com gorilas deve usar uma máscara”, continua. Sobre a infeção encontrada nos visons, o presidente da EcoHealth aponta o número elevado destes animais mantidos em cativeiro como principal motivo de contágio.
Com essa preocupação em mente, a Rússia já iniciou os testes clínicos de uma vacina, que, segundo a agência Reuters, poderá ser usada em animais domésticos, como gatos e coelhos. A fase de estudo termina em janeiro de 2021 e é esperado que o processo de aprovação aconteça no final de fevereiro. Nos EUA, a empresa Zoetis está a investigar uma injeção para estes seres vivos. Dados recentes mostram que cães e gatos apresentaram uma forte resposta imunológica à molécula viral. No entanto, ainda não está claro se é o suficiente para os proteger contra a infeção.