Apesar de se ter tornado famoso com a cirurgia plástica, os especialistas garantem que serve para resolver um conjunto cada vez mais alargado de problemas de saúde. “Ao contrário do que vulgarmente se diz, o botox não serve para engrossar os lábios, muito pelo contrário: não é um volumizador, mas é uma toxina que bloqueia a contração dos músculos, sendo utilizada, por exemplo, no tratamento das rugas de expressão”, explica o cirurgião plástico João Bastos Martins. O médico garante que o uso do botox abrange “diversos tratamentos em zonas do corpo além do rosto, como as axilas ou até mesmo os pés”. Veja as respostas do especialista e descubra de que forma esta toxina pode ajudar a tratar vários problemas.
Enxaquecas
É a décima doença mais incapacitante do mundo e 16% da população portuguesa sofre deste tipo de dores de cabeça, diz o médico, que explica como tudo funciona. Na cabeça, lembra, “são vários os nervos que passam através de músculos e, quando estes se contraem, são comprimidos ou demasiado estimulados, provocando enxaquecas”. É aqui que entra o botox: “A injeção de toxina botulínica em pontos-chave vai paralisar temporariamente os músculos, aliviando a compressão sobre os nervos que provocam essa dor.”
• Onde se aplica?
O local onde é injetada a toxina depende do tipo de enxaqueca e da zona onde esta se desencadeia: no músculo juntos às sobrancelhas, perto do nariz, nas têmporas, no pescoço ou noutra área. Se a dor for na zona posterior, a aplicação é feita na parte de trás da cabeça.
• Qual o efeito?
O efeito pode demorar dois a três dias a sentir-se, mas as melhorias são evidentes e o resultado de uma única aplicação dura por vezes cerca de três a seis meses.
Transpiração excessiva
Suar em demasia pode afetar a vida amorosa, social e profissional, nota o especialista. E momentos simples, como um aperto de mão, tornam-se “um grande constrangimento”. Isto não só para quem sofre de suor em excesso (hiper-hidrose) na zona das mãos como “para o seu interlocutor”. Quando se diagnostica a hiper-hidrose, “o corpo exige uma solução externa, pois os mecanismos de controlo interno estão desregulados”. O botox parece ser uma das soluções, ao “trazer a possibilidade de amenizar os níveis de sudorese de uma forma simples e pouco intrusiva, tanto nas axilas como nas mãos e nos pés”. A explicação é simples: “O suor sai pela contração do músculo nas glândulas que o produzem e a toxina vai paralisar essas glândulas, fazendo com que deixem de produzir suor.”
• Onde se aplica?
É aplicado em vários pontos das zonas afetadas, com um espaçamento de cerca de um centímetro entre cada picada. O tratamento é superficial, não afetando o normal funcionamento do corpo.
• Qual o efeito?
Deve aplicar-se de seis em seis meses.
Sorriso gengival
Apesar de não existir “um sorriso ideal, já se definiu socialmente que um sorriso em que se veja demasiada gengiva não é bonito”. Ou seja, quando o lábio superior sobe muito, a gengiva fica demasiadamente exposta e muitos pacientes querem corrigir esta situação.
• Onde se aplica?
O músculo elevador do lábio superior e o músculo das asas do nariz são dois dos principais responsáveis pelo sorriso e os que interessam tratar: aplicar botox nestes músculos vai descontrai-los e diminuir a subida do lábio, expondo menos gengiva, o que se traduz num sorriso mais equilibrado e elegante.
► Qual o efeito?
Duas semanas após a aplicação, o paciente tem um novo sorriso, que dura de quatro a seis meses.
Distonia, incontinência e outras
A aplicação de botox nos músculos da bexiga para tratar a incontinência urinária está a ser usada em todo o mundo por dar resultados aos doentes. É comum também usar um determinado tipo de botox para o tratamento da distonia cervical – uma doença em que há contrações involuntárias ou espasmos dos músculos do pescoço. Tem sido útil em outras áreas como fisiatria, oftalmologia, neurologia e otorrinolaringologia.
Os vários tipos de botox
Há vários tipos de toxina botulínica que diferem na maneira como são produzidos e nos aditivos utilizados. Todas as formas atuam por impedirem a libertação natural da substância que provoca a contração muscular – a acetilcolina. Diferem na sua velocidade de ação, intensidade, durabilidade e possibilidade de desenvolver resistência ao produto.