“Há vacinas para todos”, garante Rui Nogueira, presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar. Habitualmente, a meio de outubro, tem início a vacinação contra a gripe sazonal. Este ano, começa mais cedo a campanha, antecipando em quinze dias, serve apenas para se conseguir vacinar mais pessoas e de forma orientada. Simples. Numa primeira fase, a 28 de setembro, 335 mil doses da vacina foram administradas em profissionais de saúde, grávidas e idosos residentes em lares. A segunda fase, iniciada a 19 de outubro, há dez dias, fica reservada para todos os que têm mais de 65 anos, pessoas com doenças crónicas e mesmo quem não faz parte de nenhum grupo de risco ou prioritário.
“A vacina é muito importante na segunda quinzena de novembro, pois o frio só chegará daí a um mês, prolongando-se até janeiro. Queremos vacinar mais pessoas e que os que têm mais de 65 anos não nos passem ao lado”, alerta Rui Nogueira como a mensagem “mais útil” a passar aos portugueses. “Os maiores de 65 anos não devem ir à farmácia, mas sim ao centro de saúde”, aconselha o presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar. O facto de várias pessoas estarem a reservar lugar para receber a vacina em várias farmácias, engrossa e muito as listas de espera com centenas de utentes.
A vacina é muito importante na segunda quinzena de novembro, pois o frio só chegará daí a um mês, prolongando-se até janeiro
Rui Nogueira, presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar
Do total de 2,5 milhões de vacinas adquiridas pelo governo, 500 mil vão ser distribuídas pelas farmácias, os restantes dois milhões vão para os centros de saúde. No panorama das mais de 2 mil farmácias, das 200 mil vacinas do contingente do Serviço Nacional de Saúde, 100 mil já chegaram, fazendo com que cada farmácia aderente receba pelo menos 50 vacinas gratuitas. Das 500 mil do contingente privado, cerca de metade já chegou e nas próximas duas semanas chegará o remanescente. Até ao próximo domingo, 1 de novembro, a Ordem dos Farmacêuticos estima que 400 mil pessoas já tenham recebido a vacina contra a gripe.

Imunidade de grupo
Na campanha anterior, 2019-2020, 76% de pessoas com mais de 65 anos foram vacinadas, mais do que nos anos anteriores, que rondava os 70%, e ultrapassando pela primeira vez os 75% do objetivo principal. Assim, em janeiro de 2020 estava alcançada a imunidade de grupo nesta faixa etária da população. “Faltavam-nos muitos profissionais de saúde e outro grupo etário prioritário, dos 60 aos 64 anos, os que devem comprar a vacina na farmácia”, frisa Rui Nogueira. Nos últimos oito invernos, 2019-2020 foi a estação fria com menos casos de internados nos cuidados intensivos com gripe, 6% do total de casos reportados, muito abaixo dos 11% de 2018-2019 e dos 14% em 2013-2014.
E se o inverno no Hemisfério Sul correu bem, a previsão é de que se comporte da mesma maneira no Hemisfério Norte. O vírus da gripe tem uma capacidade grande de mutações anuais e os cientistas da Austrália e dos EUA trocam constantemente informações sobre as alterações sofridas. “No Hemisfério Sul houve menos casos e menos graves. Este ano, tal como em 2019, estamos a usar uma vacina tetravalente, passando a fazer frente a quatro vírus da gripe, os mais prevalentes que circularam no Hemisfério Norte. Em Portugal, ainda não foi reportado nenhum caso de gripe em Unidades de Cuidados Intensivos ou em enfermarias, o vírus ainda não está a circular”, explica Rui Nogueira.