Com Portugal a ultrapassar novamente a barreira dos mil internamentos por Covid-19 (total de 1 015 hoje), embora abaixo dos números que se verificaram em abril, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, reconhece que “existe uma enorme pressão sobre os serviços de saúde pública”. Na conferência de imprensa sobre a situação epidemiológica, sublinhou que “está a ser feito um reforço das equipas de saúde pública” que vai incorporar estagiários. “Houve um contacto do Ministério da Saúde com o Ministério do Ensino Superior para que, através das escolas de enfermagem, os alunos dos últimos anos, acompanhados com os professores, possam fazer estágio nestas unidades de Saúde Pública e receber treino que, numa primeira fase, é dado pela DGS”. Os estudantes vão, nomeadamente, ajudar as equipas a fazer os inquéritos epidemiológicos para detetar contactos de risco “o mais rapidamente possível”.
Sobre a situação nos lares, Graça Freitas referiu que já morreram 860 pessoas em lares e residências para idosos” desde o início da pandemia. Destes óbitos, acrescentou, 349 ocorreram no Norte, 152 no Centro, 333 em Lisboa e Vale do Tejo, 20 no Alentejo e seis no Algarve. Dos 21 óbitos registados nas últimas 24 horas (número mais alto desde abril), 20 morreram no hospital e um no lar onde residia.
Questionada sobre as eventuais sequelas dos doentes, a diretora-geral da Saúde, explicou que começam a surgir estudos sobre o tema. No entanto, avançou, há duas situação distintas: “As do foro neuromuscular e relacionadas com a perda de capacidade física que podem ter diretamente a ver com a doença Covid-19 — ainda não temos a certeza absoluta — ou com o facto de alguns destes doentes terem tidos internamentos prolongados nomeadamente em unidades de cuidados intensivos”. Porque, acrescentou, “quem fica em unidades de cuidados de intensivos, nomeadamente com ventilador e por períodos longos, independentemente da doença que deu origem a esse internamento, pode apresentar sequelas que muitas vezes não ficam permanentemente”, podendo ser reversíveis.
Sobre a primeira fase de vacinação da gripe, que incidiu preferencialmente, sobre as pessoas em instituições (lares, mas também na rede de cuidados continuados), profissionais de saúde e do setor social, foi indicado que “está a correr bem”, sendo que a segunda fase começa na segunda-feira, dia 19. “Já foram distribuídas 785 mil doses de vacina e, na próxima semana, chegaremos a um milhão de doses”, notou.
Já quanto ao regresso do público a outros eventos desportivos (já houve em estádios de futebol), como a Fórmula 1 e o MotoGP, no Algarve, Graça Freitas diz que “ambas estão a ser equacionadas conforme a situação na região do país” e que a resolução para cada evento tem de ser muito cautelosa.