Cientista responsável pela descoberta da vacina da Covid-19 em Oxford diz que é provável que os casos de transmissão de animais para humanos aumentem significativamente, sobretudo, devido ao impacto da atividade humana no ambiente.
Sarah Gilbert, responsável pelo desenvolvimento da vacina de combate ao coronavírus na Universidade de Oxford, afirma que a elevada densidade populacional, o aumento das viagens internacionais e a desflorestação são os principais responsáveis pela expansão das infeções transmitidas via animal. “Devido à forma como as coisas têm avançado no mundo, é muito provável que venhamos a assistir à proliferação de infeções zoonóticas a causar complicações no futuro”, disse ao jornal britânico Independent.
Uma infeção zoonótica é uma doença causada por um agente patogénico, ou por uma bactéria ou vírus, que passou de um animal para um humano. Muitos especialistas acreditam que a Covid-19 possa ter surgido em morcegos que, posteriormente, infetaram humanos. Também outras doenças que têm vindo a expandir-se pelo mundo, como o Ébola e o vírus do Nilo Ocidental, tiveram origem em animais.
Os testes realizados revelaram que a vacina da Universidade de Oxford é segura e produz uma resposta eficaz à doença. Apelidada de “AZD1222”, a vacina utiliza uma versão mais fraca do vírus da gripe comum e está a ser testada em milhares de voluntários do Reino Unido, África do Sul e Estados Unidos.
Os especialistas da ONU já tinham alertado para o contínuo aumento do número de doenças transmitidas pelos animais, caso não fossem tomadas medidas para proteger o ambiente e a vida selvagem. Além disso, a Organização Mundial de Saúde estima que 75% das doenças infecciosas emergentes sejam provenientes dos animais.