Não sendo possível evitar a utilização do metro, a utilização (obrigatória) de máscara é um passo crucial na proteção individual e comunitária. Mas mesmo utilizando esta camada protetora, o vírus pode circular dentro das carruagens que compõe o metro.
Profissionais de saúde e de engenharia ambiental da Universidade de George Mason, de Maryland e de Yale, explicam como funciona o percurso do vírus dentro do metro e as particularidades deste transporte que o tornam mais seguro do que pensa.
Sistemas de ventilação
Os sistemas de ventilação do metro demonstram ser mais eficientes que os de escolas, restaurantes e outros ambientes.
O ar presente nas carruagens é constantemente sugado, arrefecido e filtrado, antes de ser empurrado de volta através de condutas.
Juntamente com este novo ar filtrado, é lançado também, através destas condutas que cobrem o teto, ar vindo do exterior.
Este fluxo contínuo de ar limita a concentração de partículas virais dentro das carruagens, diminuindo significativamente a probabilidade de infeção.
Normalmente, as carruagens são compostas por duas unidades de ventilação, uma em cada ponta, que ajudam a repor totalmente o ar presente no seu interior a cada 3 minutos e 20 segundos, em média.
Os filtros presentes nestas unidades bloqueiam a passagem de aerossóis para as condutas de ar, mas nem tudo é filtrado, podendo ser possível a passagem de algumas partículas virais para o comboio.
Esta capacidade de filtração depende do seu material e da sua estrutura. Os filtros do metro, que são geralmente feitos de algodão e fibras sintéticas, têm um design em onda, o que aumenta o seu comprimento, criando assim uma maior oportunidade de reter gotículas.
De acordo com as recomendações da DGS, o ar das instalações deve ser renovado seis vezes por hora sendo que no metro é renovado em média 18 vezes por hora.
A importância da máscara
Apesar desta elevada capacidade de renovação do ar, é importante a adoção das máscaras e o cumprimento de uma etiqueta respiratória.
Quando um indivíduo espirra ou tosse, uma certa quantidade de gotículas pode escapar pelas laterais das máscaras. Ao sugar estas partículas, o sistema de ventilação pode direcionar parte das mesmas para outras pessoas antes de alcançar o teto (onde se dá a filtração do ar).
“Mesmo não estando diretamente ao lado da pessoa que espirrou ou tossiu, continua a existir um contacto com aquela emissão [de gotículas]”, explica Krystal Pollitt, professora assistente de epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de Yale.
Para além disso, é sabido que o uso da máscara faz com que seja lançada uma menor quantidade de gotículas, logo existe uma menor probabilidade de contaminação.
Especialistas de saúde pública afirmam que nem todas as partículas expelidas do nosso corpo (por exemplo, através de um espirro) contêm carga viral. E, apesar de ainda não ser clara a quantidade de vírus necessária para que alguém seja infetado, entrar em contacto com algumas partículas virais pode não levar ao desenvolvimento da doença.
Em Portugal é obrigatório o uso de máscaras ou viseiras quando dentro de um transporte coletivo de passageiros, e o incumprimento desta lei constitui uma contraordenação, sendo que a coima aplicada varia dos 120 euros aos 350 euros.