Aparecem de repente e causam um grande desconforto. Conhecidas como aftas, são pequenas feridas na boca que, muitas vezes, teimam em não desaparecer. “Estão sempre associadas a uma inflamação e é por isso que doem”, explica a dentista Joana Vasconcelos. E há uma simples razão para aparecerem: são uma reação imunitária a agressões de diferentes origens, conta, por seu lado, o dentista Eduardo Bastos. Surgem sozinhas ou agrupadas na mucosa bucal, na gengiva, na língua ou até nos lábios. Têm diversas formas – rasas, redondas ou ovaladas – e assumem várias cores, como branco, vermelho ou um amarelado. A VISÃO Saúde falou com estes especialistas para perceber tudo o que as faz surgir, de que forma nos podemos livrar delas e qual o tratamento mais indicado para cada caso.
A médica Joana Vasconcelos explica que doentes com problemas de estômago, VIH, cancro ou qualquer outra patologia cujo tratamento requeira medicação que seque a mucosa oral, estão mais sujeitos ao aparecimento destas pequenas úlceras
As causas
São várias as situações que as fazem aparecer
Reações a medicamentos ou doenças sistémicas
Os doentes com VIH, por terem menos defesas, estão mais sujeitos a estas feridas. Assim como os que têm alterações gastrointestinais, relacionadas com problemas de estômago. Estes últimos, explica a médica Joana Vasconcelos, desequilibram o pH, o que tende a contagiar o pH da boca, tornando-o mais ácido e aumentando a probabilidade de se desenvolveram aftas. Também os doentes cujo tratamento implique uma medicação que seque a mucosa oral – como os oncológicos – estão mais sujeitos ao aparecimento destas pequenas úlceras, diz a dentista.
Alimentação
A alimentação é geralmente “o fator causal que o doente consegue identificar mais facilmente”, refere o dentista Eduardo Bastos. Determinados alimentos, como o ananás ou o melão, são frequentemente apontados como estando na origem destas pequenas úlceras na boca. Contudo, a reação do organismo a determinado alimento é extremamente pessoal.
Traumatismos
“Uma causa muito frequente é o trauma. Quando, a morder, apanhamos a bochecha, ou escovamos os dentes com muita força, escapa-nos a escova e magoamo-nos”, explica a médica dentista, principalmente quando as aftas aparecem sempre no mesmo local. Nesses casos, nota a especialista, “geralmente é sempre por trauma”. “Pode ser, por exemplo, porque existe alguma alteração no encaixe dos dentes que faz com que a pessoa morda sempre a bochecha naquele sítio”, diz. Outra hipótese é a pessoa “ter uma prótese mal adaptada ou um aparelho”.
Sistema imunitário fraco
Uma das causas menos óbvias e, muitas vezes, difíceis de identificar é um sistema imunitário enfraquecido, seja por doença, stresse, má higiene oral ou alimentação desequilibrada, avisam os especialistas. “As pessoas, quando estão mais doentes, têm febre e ficam frágeis e, nesses casos, muitas vezes rebenta uma afta”, frisa Joana Vasconcelos.
Alterações emocionais
“Quando estamos com grande stresse ou temos um grande desequilíbrio emocional, produzimos geralmente uma saliva mais ácida e, portanto, se a pessoa for suscetível a essa maior acidez, isso pode traduzir-se numa afta”, esclarece a médica dentista.
Alimentos
A alimentação é uma das armas de ataque e de defesa destas feridas na boca. Há alimentos a evitar: uns agravam os sintomas das aftas e outros, por serem ácidos, provocarem ardor ou estarem muito quentes, pioram os sintomas. Já outros devem ser consumidos por ajudarem a prevenir o aparecimento destas lesões, ou porque combatem inflamações e fortalecem o sistema imunitário
OS INIMIGOS
► Alimentos picantes ou muito condimentados
► Alimentos salgados, como alguns snacks, amendoins ou batatas fritas
► Frutas cítricas ou ácidas, como laranjas, limões e morangos
► Alimentos demasiado duros, como tostas ou frutos secos
► Alimentos ou bebidas quentes
► Refrigerantes e doces
OS ALIADOS
► Os superalimentos (açafrão-da-índia, açúcar da flor de coco, alfafa, aveia germinada, baobabe, cacau, cânhamo, erva de trigo, guaraná, lucuma, maca, manuka, matcha, moringa ou espirulina)
► Os antioxidantes (açafrão, aveia, azeite, chá de cavalinha, centelha asiática e dente-de-leão, frutos vermelhas, linhaça)
► Alimentos ricos em ómega 3 (peixe, sementes de chia, sementes de linhaça, nozes)
► Alimentos ricos em ferro e zinco (marisco – nomeadamente as ostras, legumes verdes, como agrião, rúcula, espinafre, brócolos e couve, e leguminosas)
► Alimentos com vitamina B12 e B9 (salsa, fígado e rins, amêijoas, peixes como as sardinhas ou o salmão, os ovos);
Tratamentos
Desde elixires até a truques caseiros, há várias formas de resolver o problema
Por norma, as aftas tendem a desaparecer dentro de 7 a 10 dias, mesmo sem qualquer tipo de tratamento, conta o médico Eduardo Bastos. Contudo, a dentista Joana Vasconcelos aconselha que seja “feita uma avaliação, tendo em consideração a história clínica do paciente, de modo a compreender as causas do aparecimento de aftas”. Veja os vários tratamentos que, segundo os médicos, ajudam a acabar com estas lesões tão incómodas
Elixir desinfetante ou anti-inflamatório
► Um simples bochecho com estes produtos é o método mais tradicional
Adesivos ou pomadas em gel com Ácido hialurónico
► Dependendo do local da afta, podem ser aplicados sobre a inflamação
Tratamento à base de ozono
► Promove a cicatrização da ferida
Aplicação de mel sobre a afta
► É um truque caseiro, uma vez que vários estudos comprovam que o mel consegue resultados semelhantes aos dos medicamentos disponíveis nas farmácias
Bochechar com água e sal
► Esta opção estimula a remineralização da boca, além de desinfetar e inibir a proliferação de bactérias