Um estudo divulgado pelo departamento de microbiologia da Universidade de Hong Kong apresenta mais evidências de que as máscaras faciais reduzem o risco de infeção de coronavírus até aos 75%, com os investigadores a estimarem uma taxa de sucesso média, em condições normais, de 50%.
A investigação foi feita com um grupo de hamsters – apesar de a interação entre os animais ser diferente da interação entre pessoas, os cientistas sublinham que a experiência demonstrou “muito claramente” que cobrir o nariz e a boca é eficaz para controlar a propagação do vírus.
Os cientistas analisaram a transmissão do vírus numa experiência em que metade dos hamsters estavam infetados com Covid-19 e os outros, saudáveis, recriando três cenários: uns compartimentos dos animais estavam revestidos com o mesmo material de que é feita máscara facial e outros não. Foi colocado um ventilador entre os diferentes compartimentos para permitir a transmissão de gotículas respiratórias do lado dos hamsters infetados para o lado dos hamsters saudáveis.
Quando não havia revestimento de máscara nos compartimentos, dois terços dos hamsters saudáveis contraíram o coronavírus numa semana. No cenário em que havia uma barreira protetora, como a das máscaras, e onde estavam apenas hamsters infetados, a taxa de transmissão diminuiu 75%. Na experiência em que hamsters saudáveis estavam protegidos por uma barreira, apenas 33% ficaran infetados com o vírus.
No estudo, que ainda não foi revisto (peer reviewed, ou seja, avaliado por outros cientistas), os investigadores acrescentaram que os hamsters que foram infetados, mesmo tendo a proteção da máscara, apresentavam menos células virais nos corpos, quando comparados aos infetados sem as máscaras.
“As descobertas implícitas para mundo e para público são de que a eficácia do uso de máscaras contra a pandemia de coronavírus é enorme”, disse Yuen Kwok-yung, microbiologista e líder do estudo, numa conferência de imprensa.
“A nossa experiência com hamsters mostra muito claramente que, se hamsters ou humanos infetados – assintomáticos ou sintomáticos – usarem máscaras, estão a proteger os outros”, realçou o investigador. “A transmissão pode ser reduzida até 50% quando as máscaras cirúrgicas são usadas, especialmente quando são usadas por indivíduos infetados.”
Enquanto não existe uma vacina ou medicamento eficaz, “o que permanece prático ainda são as medidas de distanciamento social e o uso de máscaras”, diz Kwok-yung. O investigador, que também esteve presente em vários estudos sobre a SARS em 2003, confessa que decidiu conduzir este estudo porque, apesar de sempre ter defendido o uso de máscaras, vários líderes mundiais e até mesmo a Organização Mundial da Saúde questionam ou questionaram em determinados momentos a sua eficácia.
Em Portugal, segundo o decreto-lei nº 20/2020, “é obrigatório o uso de máscaras ou viseiras para o acesso ou permanência nos espaços e estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços, nos serviços e edifícios de atendimento ao público e nos estabelecimentos de ensino e creches pelos funcionários docentes e não docentes e pelos alunos maiores de seis anos”, tal como nos transportes públicos.