Os portugueses são mais cumpridores à segunda-feira e à sexta, prevaricando mais ao fim-de-semana, a taxa de contágio, R0, ainda não estabilizou e os municípios em que há maior risco são Ovar, Castro Daire e Vila Nova de Foz Coa. Estas são algumas das conclusões do novo projeto promovido pela COTEC Portugal – Associação Empresarial para a Inovação, em colaboração com a NOVA IMS, da Universidade Nova de Lisboa, que analisa uma série de indicadores relacionados com a epidemia de Covid-19.
Todos os dados do estudo Covid Insight estão disponíveis no site do projeto, na expetativa de que possam ser utilizados como base de decisão para os empresários, para trabalhos académicos e até para o público em geral, lê-se no comunicado distribuído pela Associação, sendo um dos painéis “mais completos e avançados a nível nacional, e um dos mais inovadores mesmo a nível mundial”, na opinião de Diretor-Geral da COTEC, Jorge Portugal.
Um dos parâmetros em análise é a evolução da mobilidade, nos transportes públicos, locais de trabalho, parques, feita a partir dos dados de localização da Google. Verifica-se que a redução em todas estas áreas é global, exceto nas zonas residencias em que se nota um claro aumento na circulação, certamente o resultado do já famoso ‘passeio higiénico’. Em média, a circulação próximo de casa aumentou 20% durante o período de confinamento, sendo que em alguns dias chegou a aumentar mais de 40%, quando comparado com os meses anteriores à declaração do estado de emergência.
No trabalho, que recorre a um modelo estatístico próprio, estima-se que a prevalência da infeção em Portugal – ou seja, o número total de pessoas infetadas simultaneamente – atingirá o pico esta semana, com um máximo de 27.837 infetados, sendo no entanto assimétrica na distribuição dos mesmos uma vez que nas regiões de Lisboa e Vale do Tejo e no Alentejo, o pico da prevalência da infeção está previsto para 15 de maio. Por outro lado, os Açores e o Algarve já terão passado pela fase mais crítica da epidemia.
A análise aos hábitos dos portugueses mostra que a assimetria regional tem tradução imediata no risco de contágio da doença, sendo particularmente relevante o agora revelado Índice de Risco em Portugal, a partir do qual se estima que as regiões Norte e Centro apresentam um valor superior, enquanto por município lideram a lista Vila Nova de Foz Côa, Castro Daire e Ovar. “Este é um indicador que pode ser usado no apoio à tomada de decisão ao nível das políticas públicas municipais, abrindo a possibilidade para que existam diferentes ritmos de retoma da normalidade de acordo com o risco local”, explica Pedro Simões Coelho, professor da Universidade Nova e coordenador do trabalho.