O laboratório Gilead, responsável pelo Remdesivir, um dos medicamentos que tem sido dado como promissor no tratamento do Covid-19, acaba de fazer um comunicado onde anuncia que há resultados animadores quanto à eficácia do fármaco. Numa comunicação divulgada esta quarta-feira, a empresa sediada na Califórnia, EUA, diz que os ensaios que estão a ser feitos no Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas com este medicamento demonstram “dados positivos”. E adianta que em breve serão conhecidos mais detalhes, estando previsto que este centro de investigação divulgue os resultados preliminares dos ensaios clínicos que estão a ser realizados para verificar a sua eficácia em doentes hospitalizados.
Entre os pacientes que participaram nestes ensaios – em que uns recebiam o Remdesivir e outros um placebo – estão alguns dos passageiros que se encontravam no navio de cruzeiro Diamond Princess e que tinham Covid-19 em estado grave.
Ao mesmo tempo, a empresa farmacêutica divulgou também esta quarta-feira os dados de um outro ensaio (sem recurso ao uso de placebos) que estava a ser feito com doentes severos, desta vez desenvolvidos pela própria Gilead em colaboração com faculdades. Este ensaio, segundo explicou a empresa num outro comunicado, pretendia verificar seria necessário tomar o medicamento durante 10 dias, ou bastariam 5. E, de acordo com os dados revelados esta quarta-feira, verificado que as 5 doses permitem atingir as mesmas “melhorias” do que nos casos em que são dadas o dobro. Um cenário que, alega, ser positivo na medida em que permite tratar mais doentes.
Estes resultados surgem alguns dias depois de terem sido divulgados dados de um outro estudo, no caso desenvolvido na China, que eram mais desanimadores. Este trabalho – que chegou a ser publicado no site da Organização Mundial de Saúde (OMS) – indicava que o fármaco não oferecia beneficio para os doentes severos. Mas deixava a possibilidade de ser útil para pessoas que desenvolvam a doença de forma moderada.
A divulgação deste estudo chinês (que tal como o dos EUA assenta no uso do Remdesivir e de um placebo e testou a sua eficácia em pacientes com estados mais avançados da doença) apanhou a Gilead desprevenida, tendo esta feito, de imediato, um esclarecimento a explicar que existiam erros e que, por isso, a informação contida no site da OMS fora “removida”. Isto porque, alegam os responsáveis farmacêuticos, os resultados apresentados não têm “robustez suficiente para permitir retirar conclusões com significado estatístico” uma vez que o estudo foi “terminado prematuramente por os níveis de recrutamento terem sido baixos”. Apesar de consideraram os resultados deste estudo “inconclusivos”, a Gilead admite que aqui o beneficio terá sido verificado essencialmente “entre os doentes tratados precocemente”.
O remdesivir é um antiviral injetável que foi desenvolvido para combater vários vírus como o Ébola, contra o qual não resultou. O fármaco nunca chegou a ser aprovado para nenhuma doença em nenhum país. Desde que começou a pandemia da Covid-19 tem estado a a ser dado a vários doentes no âmbito de ensaios clínicos ou ao abrigo de protocolos especiais que os diversos países estão a fazer com o laboratório, caso os médicos entendam que pode ser útil para algum paciente em concreto.