A questão sobre o uso ou não da máscara tem gerado alguma confusão, até porque inicialmente as autoridades de saúde lançaram a ideia de que só deviam ser utilizadas por quem está infetado com Covid-19. No entanto, há cada vez mais especialistas a garantir que agora toda a gente as deve usar por ser uma das formas de evitar a propagação do vírus na comunidade. “Agora deve-se usar máscara sempre. Deve-se usar o mais possível”, garante o médico José Almeida Nunes, especialista em Medicina Interna, explicando que nesta fase de mitigação – a mais grave do contágio – em que o País entrou as máscaras ganham mais importância. Até porque, nota, por seu lado o especialista Tomás Lamas, muitas vezes são se sabe quem está infetado.
Segundo os especialistas, há vários tipos de máscaras. As mais conhecidas são as chamadas cirúrgicas. “São usadas nos blocos operatório e foram feitas para que o médico não contamine as peças operatórias. Ou seja, servem para quem usa não contaminar”, esclarece Almeida Nunes, dizendo contudo que, mesmo assim, podem ter um efeito de proteção. Ou seja, se todas as pessoas usarem cria mais barreiras à disseminação.
Além disso, o médico sugere uma alternativa para que estas máscaras se tornem mais eficazes e ganhem capacidade de defesa em relação ao vírus. “Cada pessoa pode usar duas: coloca a primeira sobre a boca e o nariz, virada ao contrário, e a segunda por cima da forma como mandam as regras”. Assim, acredita Almeida Nunes, podem ter um ação mais eficaz – e mais próxima das máscaras mais complexas que protegem quem está saudável. É que ao contrário das cirúrgicas, há outro tipo de máscaras, com camadas e feitas através de recurso a tecnologia que protegem quem não está infetado. Chamam-se FFP2 e FFP3 são mais caras mas chegam a garantir uma proteção de 99,7%, nota Tomás Lamas. Ou seja, quando colocadas garantem uma proteção quase total de entrada de partículas.
Mas para os médicos, seja qual for o tipo, o importante é usar máscaras. “Têm um efeito de proteção de grupo e de prevenção de contacto direto das mão infetadas no nariz e na boca”, sublinha o clínico dos cuidados Intensivos, recordando que nos países que costumam lidar com este tipo de vírus, as máscaras são usadas sempre: “Os asiáticos já interiorizaram essa pratica”.
À VISÃO, o médico e porta-voz dos cuidados de saúde de Macau, Jorge Sales Marques garante não ter duvidas de que para conter o novo coronavírus o uso de máscara é fundamental. “Há 20% de casos que são assintomáticos. E só com o uso da máscara se evita que esses doentes, que não se sabe quem são mas que têm um papel muito forte na contágio, contaminem outros”, diz, sublinhando que em Macau, onde milhões de unidades estão ser distribuídas à populações, e onde todas as pessoas as usam, foi uma das medidas determinantes para conseguir conter a Covid-19.
Por isso, cirurgião e presidente da Associação de Médicos de língua Portuguesa em Macau, José Manuel Esteves, assegura que, apesar de não ser o único, a máscara, “é um dos fatores que limita a disseminação do vírus”. E acrescenta: “No mínimo não se pode dizer que seja perigoso usar, antes pelo contrário”. Lembrando que o uso é feito, não só em Macau, mas em toda a China, Coreia e Japão, recorre a um mapa com os dados sobre infetados ( que saiu no Financial Times), para, acrescentando os locais onde se usa e onde não se usa, explicar que as curvas de infeção dos países que adotaram este equipamento de proteção são as que mais diminuem (ver gráfico em cima). “A máscara evita que as partículas da respiração vão para o ar. E se uma pessoa estiver infetada, no inicio não sabe que está”, refere, lembrando que segundo dados dos investigadores chineses, “24 a 48 horas antes de se ter sintomas, já se pode contagiar outros”. E dá um exemplo. “Se numa sala com com seis pessoas uma estiver infetada, se forem respeitadas as regras de higiene das mãos e usarem todos máscaras, provavelmente ninguém mais sairá infetado. Se a pessoa infetada não usar, aí sim, haverá risco de disseminação”. Por isso, diz, perante a pandemia que ameaça o mundo, nada se perde com o uso generalizado. Só se ganha, diz.