Muitas vezes, não é apenas o facto de não se gostar de ter borbulhas, mas também a satisfação que se sente quando se espreme uma espinha, havendo mesmo quem tenha o (mau) vício de o fazer.
E não é novidade nenhuma que esse hábito é prejudicial à pele. Isto porque, quando a substância amarelada não sai com facilidade e se exerce demasiada pressão para a retirar, pode ocorrer extensão da inflamação, o que provoca, frequentemente, cicatrizes permanentes na pele.
A dermatologista americana Sandra Lee foca-se, precisamente, na obsessão por retirar pus das borbulhas e pontos negros, com vários vídeos no Youtube onde mostra a remoção de várias espinhas e cravos. A especialista, conhecida por “Dr. Pimple Popper”, tem quase cinco milhões de subscritores no seu canal e os seus vídeos têm milhões de visualizações.
O normal é que o ser humano sinta nojo quando olha para uma borbulha inflamada, o que muitos especialistas dizem ser uma adaptação evolutiva útil que ,agora, impede as pessoas de tocarem ou comerem coisas que podem ser tóxicas.
Mas, então, como se explica que alguns gostem de o fazer ou de ver vídeos com quistos a serem retirados ou pontos negros a saírem da pele de outras pessoas? Há várias teorias que tentam explicar este gosto. Por exemplo, Carolyn Korsmeyer, professora de filosofia e autora do livro Savoring Disgust: The Foul and the Fair in Aesthetics, explica que o ser humano é atraído por várias coisas ou experiências que provocam sensações físicas ou emocionais desagradáveis.
Alguns exemplos disso são canções tristes ou filmes de terror, que atraem muitas pessoas, apesar de desencadearem alguns sentimentos negativos, assim como andar em montanhas russas e comer alimentos muito picantes: sente-se prazer com o facto de o corpo estar a dizer “não”, o que contraria o que se está a fazer.
Paul Rozin, professor de psicologia, chama-lhe “masoquismo benigno”. Nas suas pesquisas, o especialista percebeu que o ser humano é atraído por várias atividades que despertam emoções e reações que, aparentemente, são indesejáveis (o nojo está incluído), porque as pessoas gostam de testar os seus limites.
Val Curtis, diretor do Environmental Health Group da London School of Hygiene and Tropical Medicine diz, por sua vez, que isto acontece para que as pessoas aprendam a lidar melhor com os sentimentos e experiências novas, como forma de as treinar para sensações futuras.
Toda esta satisfação que se sente quando se espreme borbulhas pode ser, por isso, um resultado natural e positivo do desejo do cérebro em preparar-se para desafios que vão aparecendo. Mas, pela sua pele, não o faça…