Um estudo recente revelou que as pessoas altas têm um risco maior de virem a ter cancro no futuro porque têm mais células e, precisamente por isso, existe maior probabilidade de haver mutações no DNA dessas células.
Investigações anteriores já tinham referido uma ligação entre a altura das pessoas e um risco maior de se desenvolver algum tipo de cancro e algumas das explicações para isso acontecer tinham a ver, por exemplo, com o facto de algumas hormonas de crescimento influenciarem tanto a alura como o desenvolvimento do cancro.
Agora, uma pesquisa mais aprofundada que escrutinou os resultados observados anteriormente sugere que a explicação pode ser mais simples, tendo apenas a ver com o número de células, que é maior nas pessoas mais altas.
Leonard Nunney, professor de biologia na Universidade da Califórnia, em Riverside, EUA, e autor do estudo, refere que a pesquisa teve em conta o modelo conhecido de desenvolvimento do cancro, que se baseia, simplesmente, na acumulação de células modificadas durante a vida. Essa teoria diz que ter mais células ou mais divisões por célula aumenta o risco de cancro.
O investigador analisou várias informações retiradas de bases de dados relacionadas com o cancro (teve em consideração 23 tipos de cancro) e deu conta de que, para cada 10 cm acima da altura média, o risco de desenvolver qualquer cancro aumentava cerca de 10%.
No geral, também foi observado um risco de cancro acrescido com o aumento da altura em 18 de todos os tipos de cancro considerados.
Outra conclusão deste estudo, publicado na revista científica Proceedings of the Royal Society B, tem a ver especificamente com o cancro de pele: em pessoas mais altas, o desenvolvimento de melanomas aparentou ser mais provável do que se esperava, mas não tem a ver com o facto de as pessoas mais altas terem mais pele. Aliás, existem órgãos que não são maiores só porque a pessoa é mais alta.
Segundo o investigador, os resultados relativos aos melanomas podem estar ligados a uma proteína relacionada com o crescimento, a IGF-1 (Fator de crescimento semelhante à insulina tipo 1). A IGF-1, produzida em resposta à hormona do crescimento, estimula a divisão e o crescimento celular e, por isso, desempenha um papel fundamental durante o crescimento das pessoas.
O que acontece, de acordo com Leonard Nunney, é que as pessoas mais altas têm níveis mais altos de IGF-1 sangue e, por isso, “é provável que as pessoas altas tenham uma taxa de divisão celular um pouco mais rápida, o que pode explicar o maior risco de cancro”.
Ao The Guardian, Georgina Hill, investigadora na instituição Cancer Research UK, no Reino Unido, diz que as pessoas não precisam de ficar alarmadas com a sua altura, já que o aumento do risco para quem é alto “é pequeno” e há muitas coisas que se podem fazer “para reduzir o risco de se vir a ter cancro, como não fumar e manter um peso considerado saudável”, por exemplo.