Investigadores da Universidade Queen Mary e do hospital St Bartholomew, em Londres, testaram, com sucesso, um novo tratamento que pode dar 10 meses de sobrevida a mulheres que têm cancro da mama em estado avançado.
A equipa descobriu que, através de uma combinação entre quimioterapia e imunoterapia – em que se ativa o sistema imunitário e se estimulam as células do organismo que o defendem das agressões, para atuarem também na defesa contra o cancro -, o sistema imunológico do corpo pode ser ajustado para combater o triplo negativo, uma das formas mais agressivas de cancro da mama.
“É particularmente trágico que as pessoas afetadas sejam frequentemente jovens” refere Peter Schmid, professor de medicina oncológica na Universidade Queen Mary, diretor clínico do Centro de Cancro da Mama (Breast Cancer Centre) do hospital St Bartholomew e autor do estudo. Segundo o investigador, estes resultados são um “grande avanço”, já que quase um quarto dos pacientes com este tipo de cancro não sobrevive por mais de cinco anos após o diagnóstico.
O tratamento comum utilizado é a quimioterapia, mas muitos pacientes desenvolvem rapidamente resistência a esta terapia e, caso o cancro metastize, o tempo de vida esperado é de apenas 15 meses.
Durante a realização da pesquisa, publicada na revista científica New England Journal of Medicine, observou-se que este novo tratamento combinado reduziu o risco de morte ou a progressão do cancro em até 40%. De acordo com Peter Schmid, esta alternativa vai “prolongar de forma significativa a vida, em comparação com o tratamento que utiliza apenas quimioterapia”.
Este novo tratamento combina, então, uma sessão de quimioterapia semanal com a ingestão de Atezolizumab, um medicamento utilizado na imunoterapia, de duas em duas semanas.
“Estamos a usar quimioterapia para remover o manto de proteção imunológica do tumor e o expor, da mesma forma que fazemos com que o sistema imunitário das pessoas consiga atingi-lo”, refere o médico.
O novo tratamento está a ser analisado pelas autoridades de saúde britânicas, com o objetivo de se decidir se vai ser aplicado ou não pelo Serviço Nacional de Saúde do país (NHS).