As mulheres sentem mais os efeitos secundários negativos da quimioterapia relativamente aos homens. Esta é a conclusão de uma investigação realizada por investigadores do hospital The Royal Marsden NHS Foundation Trust, no Reino Unido, que afirma que as doentes com cancro têm com mais frequência náuseas, vómitos e perda de cabelo, por exemplo, comparativamente aos doentes do sexo masculino.
A equipa analisou dados de 1654 pacientes com cancro no estômago ou esófago e descobriu que, nas mulheres, a percentagem de náuseas e vómitos era significativamente mais alta do que nos homens – 89% comparado com 78% – e o mesmo acontecia com episódios de diarreia: 54% nas pacientes contra 47% nos doentes do sexo masculino.
Em relação à perda de cabelo, a percentagem de mulheres foi de 81%, em comparação com 74% dos homens, e, quanto à formação de úlcerais orais, 50% das mulheres analisadas apresentou algumas, mas nos homens a percentagem foi de apenas 41%.
A ocorrência de complicações graves durante o tratamento que obrigaram, muitas vezes, ao internamento, também foi maior nas pacientes e houve uma maior tendência para infeções. Já a taxa de resposta à quimioterapia, isto é, a proporção de pacientes em que houve redução do tamanho do tumor, foi maior nos homens.
A investigação, apresentada recentemente no Congresso da Sociedade Europeia de Oncologia Médica em Munique, na Alemanha, analisou dados de quatro estudos realizados no Reino Unido e na região da Australásia, que inclui a Austrália, a Nova Zelândia, a Nova Guiné e algumas ilhas da Indonésia.
As quatro pesquisas analisaram combinações de quimioterapia de primeira linha usadas frequentemente em cancros avançados, tanto no esófago como no estômago. Michael Davidson, investigador do Royal Marsden NHS Foundation Trust, diz que esta diferença encontrada nos efeitos secundários da quimioterapia em relação a homens e mulheres pode ajudar a eficácia dos tratamentos aplicados a estes doentes.
“Há pesquisas em andamento com o objetivo de analisar como é que os homens e as mulheres respondem, de forma diferente, a novos tratamentos anti-cancro, como a imunoterapia, e é uma área que, provavelmente, vai ser cada vez mais importante no futuro”, afirma o médico.