O termo “perspeticida” – interpretável como algo que mata a perspetiva – foi primeiramente usado para descrever o processo de lavagem cerebral a que os prisioneiros de guerra eram sujeitos. Significa, segundo Lisa Aronson Fontes, investigadora na área da psicologia da Universidade de Massachusetts Amherst, “a incapacidade de saber o que se sabe”.
“Numa relação abusiva ou controladora, o parceiro dominante muda, ao longo do tempo, a forma como a vítima pensa”, diz Fontes ao Business Insider. “O abusador define o que é amor. O abusador define o que é ou não apropriado para monitorizar o parceiro. O abusador define o que está errado com a vítima e o que ela precisa de fazer para mudar”.
“Através da ‘perspeticida’, as pessoas desistem das suas próprias opiniões, afiliações religiosas, perspetivas de amigos, objetivos de vida, etc.”, explica Fontes. Não se trata, portanto, da normal influência mútua entre casais, mas de algo “muito mais nefasto e unilateral”.
Qualquer pessoa pode cair na armadilha de um parceiro controlador. Depois de uma fase de consolidação da relação, o parceiro começa a abusar física, psicológica e/ou emocionalmente da vítima. O abuso é depois intercalado com períodos de bondade quando a vítima se comporta “adequadamente”, o que causa nela a necessidade de manter o parceiro feliz. Caso não o faça, a vítima vai acreditar que merece ser castigada.
O abuso em relacionamentos existe de diversas formas. O parceiro controlador pode isolar a vítima, negando-lhe recursos como dinheiro ou transporte, de forma a manipul-la a mudar os comportamentos e perceções que tinha até então.
Como explica Fontes, aquilo que passa a importar para a vítima são as formas de controlar a ira do parceiro. “Uma pessoa que é coercivamente controlada – mesmo sem violência física – não se sente livre para viver a vida de acordo com os seus próprios termos”, diz.