Quando pensamos em meditação ou em atingir o agora tão falado mindfulness (atenção plena) dificilmente pensamos em “medo” como um dos efeitos. Mas um novo estudo veio associar este e outros sintomas à prática da meditação.
Um grupo de investigadores da Universidade de Brown, nos EUA, analisou o fenómeno da meditação e os resultados revelaram que as pessoas podem sofrer efeitos negativos apenas com 30 minutos de meditação.
Em algumas pessoas, as técnicas de relaxamento podem ter o efeito inverso. “Existe um fenómeno chamado ‘pânico de relaxamento induzido’ que significa que algumas pessoas aumentam o nível de ansiedade ou pânico quando tentam relaxar”, explica Willoughby Britton, co-autor do estudo.
Com base em 59 experiências de meditação, os investigadores apuraram que os efeitos colaterais mais comuns eram medo, ansiedade, pânico ou paranóia – efeitos sentidos por 82% dos participantes. Outros 42% sofreram de alucinações e 28% tornaram-se hipersensíveis à luz.
“Uma pesquisa anterior tinha sugerido que certas práticas de meditação, especialmente a concentração, imitam a privação sensorial. Muitas vezes, as pessoas que meditam estão imobilizadas num ambiente calmo, de olhos fechados, e estão a restringir a sua atenção a um objeto específico. O que pode explicar certas mudanças, como a hipersensibilidade à luz ou alucinações visuais”, explica Jared Lindahl, principal autor do estudo.
Britton acrescenta que, embora a meditação seja normalmente associada a sentimentos de calma e relaxamento, também pode ter consequências a nível do sono, nomeadamente não sentir necessidade de dormir (situação comum em retiros espirituais).
Não é conclusivo quais os fatores que provocam estas reações e porque só acontecem a algumas pessoas. Contudo, o estudo afirma que muitas pessoas retiram benefícios da prática de meditação, que é cada vez mais recomendada como tratamento a situações de dor, depressão, stress ou dependência.