Com o fim da eletricidade produzida a partir do carvão, que custava a Portugal e aos portugueses 100 milhões de euros por ano, abre-se caminho para mais oportunidades de emprego no setor das renováveis, área que empregava já mais de 50 mil pessoas em Portugal em 2020.
Certamente que será salvaguardada a situação dos trabalhadores da Central Termoelétrica do Pego, em Abrantes, a última central a carvão a operar em Portugal, perspetivando as necessidades de mão-de-obra especializada que os novos projetos de energias renováveis irão envolver.
A reconversão profissional destes trabalhadores deverá ser assegurada, nesta região em particular, de forma exemplar e com elevados graus de reconversão dos trabalhadores atribuindo-lhes as competências adequadas, e para isso existem fundos europeus como o da Transição Justa.
Certo é que o investimento no setor das renováveis já contribui significativamente para a criação de postos de trabalho qualificados, diretos e indiretos, e para o reforço da coesão social e territorial. Este reforço deve-se principalmente à localização de alguns projetos em zonas socioeconómicas menos favorecidas.
As renováveis já garantem 65% do consumo de eletricidade em Portugal, mas para fazer face às metas previstas no Plano de Energia e Clima para 2030, alcançando os 80% de renováveis na produção de eletricidade, será necessário intensificar a utilização de fontes renováveis, provenientes da hídrica, eólica, dando ênfase à energia solar, tendo em conta a sua reduzida capacidade hoje instalada. Este salto irá exigir mão-de-obra qualificada e catapultar a criação de emprego em Portugal.
Segundo um estudo realizado em 2021 pela Deloitte para a APREN, no ano 2020, em Portugal, a produção de eletricidade renovável envolveu 51 mil profissionais. Entre 2021 e 2030, de acordo com as estimativas face à capacidade a instalar, as energias renováveis deverão gerar mais de 90 mil postos de trabalho, chegando aos cerca de 160 mil empregos em 2030. Uma maior ambição climática, a par da introdução do Hidrogénio verde, poderá ainda criar adicionalmente entre 24 e 83 mil empregos em 2030.
A produção de eletricidade a partir de energia renovável, setor gerador de emprego, permitirá, paralelamente, ajudar a baixar o preço da eletricidade, o que torna esta aposta vencedora em termos ambientais, sociais e económicos.