
A promessa de ações disruptivas durante a 26.ª conferência do clima das Nações Unidas (COP26), que se realiza até dia 12 de novembro em Glasgow, faz com que grande parte das atenções estejam centradas no grupo de ativistas Extinction Rebellion (EX), que se descreve como “um movimento internacional descentralizado e sem filiação político-partidária”. Os ativistas Roger Hallam, Gail Bradbrook e Simon Bramwell são os fundadores do Extinction Rebellion e o primeiro grande protesto aconteceu a 31 de outubro de 2018 na Praça do Parlamento, em Londres.
Com origem no Reino Unido, este grupo de ativistas “usa ação direta não-violenta, para pressionar os governos a responder de forma justa à emergência climática e ecológica”, lê-se no site oficial. Em apenas três anos de existência, o Extinction Rebellion já conseguiu chegar a várias partes do globo e está agora presente em 75 países, com cerca de 568 novos grupos locais. Portugal tem quatro grupos locais associados a este movimento (Guimarães, Porto, Coimbra e Lisboa).
Embora atuem em todas as frentes para combater as alterações climáticas, o Extinction Rebellion foca-se em “três exigências”, aquilo que defende ser crucial para salvar o planeta e cuja ação está nas mãos dos governos: dizer a verdade – “os governos devem dizer a verdade, declarando uma emergência climática e ecológica, trabalhando com outras instituições para comunicar a urgência de mudança”; agir agora – “os governos devem agir agora para interromper a perda de biodiversidade e reduzir as emissões de gases de efeito estufa para zero líquido até 2025” ; ir além da política – “os governos devem criar e ser liderados pelas decisões de uma Assembleia dos Cidadãos sobre o clima e a justiça ecológica”. No fundo, os principais objetivos deste movimento passam por evitar o colapso do clima, travar a perda de biodiversidade e minimizar o risco de extinção humana.
Polícia atenta
Para a COP26, e olhando para aquilo a que chamam de falhanços nas cimeiras anteriores (por, até agora, não se conseguir dar “uma resposta compassiva e funcional” à crise climática), o grupo de ativistas leva uma única mensagem: “Parem de nos matar”. Para fazer chegar o recado, o Extinction Rebellion promete protestos pacíficos e criativos e desobediência civil não violenta, alguns deles já calendarizados e partilhados nas redes sociais, podendo ter palco em Glasgow ou em qualquer outra parte do mundo. “Vamos cantar e dançar e cruzar os braços contra o desespero e lembrar ao mundo que há tantas coisas pelas quais vale a pena nos revoltarmos. Acusamos os líderes mundiais de fracasso e, com uma visão ousada de esperança, imaginamos o impossível”, lê-se no site. Apesar da promessa de não violência dos protestos agendados para a cimeira do clima das Nações Unidas, foram destacados mais de 10 mil polícias do Reino Unido para acompanhar o evento. O grupo chegou a ser considerado um movimento terrorista pela unidade de contra-terrorismo britânico.

A COP26 é apenas mais um dos eventos que é alvo de protestos por parte dos ativistas do movimento Extinction Rebellion. No início de outubro, o grupo ‘invadiu’ o desfile da Louis Vuitton na Semana da Moda de Paris. Os ativistas desfilaram lado a lado com modelos, exibindo cartazes de alerta para o consumo excessivo de roupa e para o impacto que a indústria da moda tem no ambiente.
Do movimento Extinction Rebellion surgiu, em 2020, o Ocean Rebellion, um grupo que luta para proteger o alto mar e que apela a uma maior atenção para o que se passa nos oceanos . Os cofundadores Rob Higgs e Sophie Miller são artistas e criam acrobacias teatrais para transmitir sua mensagem, conta o The Guardian.