O 13º Relatório de Emissões das Nações Unidas, tornado público esta quinta-feira, avisa que “a comunidade internacional está muito aquém dos objetivos do Acordo de Paris” e que “não há um caminho credível para [limitar o aumento de temperatura a] 1,5º C”.
De acordo com as contas dos investigadores, as Contribuições Determinadas Nacionalmente [NDC, na sigla internacional que designa os compromissos oficiais de cada país para reduzir emissões de gases com efeito de estufa) apontam para uma subida da temperatura média global de 2,4º C a 2,6º C até ao final deste século.
“O relatório demonstra que os compromissos nacionais atualizados desde a COP26 – realizada em 2021 em Glasgow, Reino Unido – resultam numa diferença insignificante em relação às emissões previstas para 2030 e que estamos longe da meta do Acordo de Paris de limitar o aquecimento global a bem abaixo de 2°C, de preferência 1,5° C”, lê-se no sumário.
O relatório equivalente de 2021 apontava para um aumento de temperatura de 2,7º C, pelo que há uma ligeira descida, com as promessas entretanto feitas. Uma descida insuficiente, diz Bárbara Maurício, da associação ambientalista Zero. “Estes novos dados não são muito diferentes dos do ano passado, e isso é assustador. Melhorou ridiculamente. A mudança não está a ser suficientemente rápida.”
Pior ainda, acrescenta, é não ter havido qualquer melhoria em termos de medidas climáticas efetivamente aplicadas. Este relatório de 2022 conclui que “as políticas atualmente em curso apontam para uma subida de temperatura de 2,8º C até ao fim do século” – exatamente o mesmo valor que o relatório do ano passado previa. Isto significa que os países fizeram alguns novos compromissos, ainda que pouco ambiciosos, que levaram a uma atualização de 2,7º C para 2,6º C; mas nada mudou no que diz respeito a medidas concretas. Há, portanto, poucas novas promessas e ainda menos ações efetivas.
Um aumento de temperatura de 2,8º C traria impactos devastadores para milhares de milhões de pessoas, com o aumento de fenómenos extremos, sobretudo ondas de calor, secas prolongadas, inundações e furacões, além de uma subida do nível do mar que pode pôr em risco as populações costeiras.