O muro de madeira com dois metros e meio de altura, ao longo da estrada que liga a Comporta a Troia, até se perder de vista, não é suficiente para tapar a floresta de gruas do lado de lá da vedação, a trabalhar em cima das dunas, nem os edifícios de betão mais altos, em avançado estado de construção. Mas o resto do empreendimento, que ocupa uma área superior à de 100 campos de futebol e se estende por dois quilómetros de linha de costa, está bem protegido de assomos alheios de curiosidade. Ainda assim, o repórter fotográfico da VISÃO tenta fazer o seu trabalho, captando imagens a partir do lado de cá da estrada.
Passados dois minutos, um segurança privado sai da portaria e põe-se junto à estrada, do outro lado, a olhar ostensivamente para a equipa de reportagem, de pernas afastadas e polegares encaixados no cinto, antes de sacar do telemóvel e fazer um telefonema. Minutos mais tarde, quando nos preparamos para abandonar o local, chegam mais dois homens. Um deles segue-nos de carro, encostado à traseira do nosso, enquanto tira fotos com o telemóvel. Chegamos a uma rotunda, que contornamos por três vezes, até que a nossa “sombra” finalmente se cansa e encosta.