As imagens agora conhecidas foram obtidas pelas sondas da NASA e mostram o ozono total sobre o polo antártico: o roxo e o azul indicam onde há menos ozono, o amarelo e o vermelho onde há mais. É já claro que o buraco ali detetado cresce tipicamente em setembro e outubro. Há um ano revelava-se no seu menor tamanho, desde que fora identificado, em 1985. Agora, é de novo dos maiores e mais profundos identificados nos últimos 15 anos. Lá se vai o otimismo do ano passado.
Este 2020, o seu comportamento foi diferente. Começou a crescer rapidamente a partir de meados de agosto e tinha avançado até às 9,2 milhões de milhas quadradas, quando alcançou o seu pico, no início de outubro. É verdade, como também validou a Organização Meteorológica Mundial (OMM), que ainda encolheu um pouco, depois disso, até às 8,9 milhões de milhas quadradas. Mas, com mais do dobro do tamanho dos Estados Unidos, passou a cobrir quase todo o continente antártico.
Menos proteção da radiação ultravioleta
“Há muita variabilidade nestes dados porque os eventos do buraco de ozono se desenvolvem todos os anos. Mas é irrefutável que este ano estamos outra vez muito próximos do que tínhamos em 2018, ambos definitivamente dos mais altos da última década e meia”, frisou já Vincent-Henri Peuch, diretor do Copernicus, o serviço europeu de monitorização atmosférica europeu, citado pela CNN.
A questão preocupa os cientistas há muitos anos porque a camada de ozono na nossa atmosfera protege a Terra da radiação ultravioleta – e a sua asfixia está diretamente relacionada com as temperaturas atingidas na estratosfera, onde se situa aquela camada. Isto porque as nuvens polares estratosféricas, que desempenham um papel importante no processo, só se formam a temperaturas inferiores a -78 graus Celsius.
É nessa altura que os cristais de gelo nas nuvens reagem com outros compostos presentes na atmosfera, o que lhes permite destruir rapidamente o ozono quando são expostos à luz solar, nota ainda OMM. E para Peuch não há dúvidas: estes dados vêm confirmar mais uma vez a necessidade de continuar a aplicar o Protocolo de Montreal de 1987, que proibiu a emissão de produtos químicos que empobrecem a camada de ozono.